sábado, 17 de agosto de 2019

FAGUNDES VARELA

Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu em Rio Claro (RJ) em 17 de agosto de 1841. Era filho de um casal bem estabelecido, o pai era juiz da vila S. João Marcos, hoje pertencente ao distrito de onde nasceu o autor. Após alguns anos, morou em Catalão, pois seu pai fora transferido àquela cidade, em 1851. Foi nesta época que Fagundes Varela conheceu o autor Bernardo Guimarães, o qual era juiz deste município do interior de Goiás.

Após esse fato, retornou à terra natal, onde morou em Angra dos Reis e Petrópolis, a fim de terminar os estudos primário e secundário. Em 1859, mudou-se para São Paulo, onde concluiu os preparatórios e, alguns anos mais tarde, em 1861, publicou seu primeiro livro de poesias, intitulado Noturnas. Um ano mais tarde, concluiu seus estudos e tentou a carreira de advogado, contudo, nunca finalizou a faculdade. Casou-se com a artista circense Alice Guilhermina Luande, com quem teve um filho, chamado Emiliano.
Começa então, uma etapa da vida do autor muito tumultuada, pois perde o filho prematuramente, aos três meses, e logo após, a mulher e alguns amigos próximos, como Castro Alves, o poeta abolicionista. A morte precoce do primogênito gerou a poesia “Cântico do Calvário”. Fagundes Varela foi chamado de alcoólatra e de solitário e foi visto como alguém “sem direção” que passou por muito sofrimento.
Mas, diante desses fatos, podemos entender de sua obra dois momentos distintos: o primeiro, voltado a temas como a morte, a abolição da escravatura e o patriotismo; o segundo, pela influência religiosa. Esta última fase foi quando o poeta perdeu pessoas queridas e encontrou refúgio e redenção para sua angústia na religião.
Após o falecimento da esposa, em 1866, o poeta tentou continuar a faculdade de Direito, mas desistiu. Casou-se com Maria Belisária, com quem teve duas filhas. A boemia ainda sondou a vida de Fagundes Varela e em menos de 10 anos após seu segundo casamento, faleceu de apoplexia, com apenas 33 anos, em 17 de fevereiro de 1875.

[A cruz] 

               Estrelas
               Singelas,
               Luzeiros
               Fagueiros,
Esplêndidos orbes, que o mundo aclarais!
Desertos e mares, - florestas vivazes!
Montanhas audazes que o céu topetais!
               Abismos
               Profundos! 
               Cavernas
               E t e r nas!
               Extensos,
               Imensos
               Espaços
               A z u i s! 
          Altares e tronos,
Humildes e sábios, soberbos e grandes!
Dobrai-vos ao vulto sublime da cruz!
Só ela nos mostra da glória o caminho,
Só ela nos fala das leis de - Jesus!

Cântico do Calvário - À memória de meu filho morto a 11 de dezembro de 1863

Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, a inspiração, a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
Teto, - caíste!- Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!

Obras: Poesia: Noturnas (1851); O estandarte auriverde (1863); Vozes da América (1864); Cantos e fantasias (1865); Cantos meridionais (1869); Cantos do ermo e da cidade (1869); Cantos religiosos (1878), Anchieta ou Evangelho na selva (1875), O diário de Lázaro (1880).

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