domingo, 13 de abril de 2025

NOITE DAS GARRAFADAS

 A Noite das Garrafadas foi uma revolta que aconteceu no Rio de Janeiro, em 1831, envolvendo portugueses partidários do imperador Dom Pedro I e brasileiros que lhe faziam oposição. Recebeu esse nome devido ao fato de que foram utilizadas garrafas pelos revoltosos. Essa revolta marcou a crise do Primeiro Reinado e o acirramento entre os dois grupos revoltosos.



Causas da Noite das Garrafadas

Logo após a independência do Brasil, em 1822, Dom Pedro I se tornou imperador do Brasil com apoio dos brasileiros, que aguardavam, além da separação política de Portugal, a formação de uma nova nação independente. Porém, com o passar dos anos, Dom Pedro I se tornou um imperador autoritário, não tolerando divergência e usando de meios violentos para conter as ações oposicionistas ao seu governo.

Um dos principais exemplos dessa forma autoritária de governar do imperador foi o fechamento da Assembleia Constituinte de 1823, convocada para elaborar a primeira Constituição do Brasil. Dom Pedro I ordenou o fechamento da assembleia quando os constituintes decidiram incluir na Carta limites aos poderes imperiais.

No ano seguinte, Dom Pedro outorgou, ou seja, impôs uma Constituição que, entre outras medidas, garantia-lhe maiores poderes com a criação do Poder Moderador, exercido somente pelo imperador. Essa forma autoritária causou reações como a Confederação do Equador, revolta que aconteceu na província de Pernambuco, em 1824, e defendia regime republicano no Brasil.

A Guerra da Cisplatina, em 1825, foi outro fato que arruinou a popularidade de Dom Pedro. O aumento das despesas com gastos militares fez com que o império elevasse a cobrança dos impostos, e a crise econômica em que muitas províncias viviam à época provocou reações contra o imperador. A derrota brasileira na Guerra da Cisplatina e a perda da província da Cisplatina, que se transformou na República Oriental do Uruguai, mostraram a inabilidade de Dom Pedro no comando do Brasil.

Mesmo livre da dependência política de Portugal, o Brasil enfrentava a interferência portuguesa nos campos político e econômico. Os antigos colonos tinham força política e se fortaleceram quando Dom Pedro I se aproximou deles oferecendo cargos no império. Isso desagradou aos brasileiros, pois viram nesse gesto uma possível recolonização e o desprestígio brasileiro perante o governo.

Além dessa disputa pelo poder, brasileiros e portugueses conflitavam no âmbito econômico. Logo após a independência, os brasileiros queriam expulsar os portugueses que comandavam o comércio em território brasileiro.

A imprensa teve um papel importante no Primeiro Reinado, e em várias localidades do Brasil havia jornais e panfletos em circulação. Essas publicações foram utilizadas por críticos para atacar Dom Pedro I e divulgar os ideais que não eram aceitos pelo governo, como a república e as ideias defendidas por revoltosos.

Um desses jornalistas que atuavam na linha de frente contra o imperador foi Líbero Badaró. Em 20 de novembro de 1830, o jornalista Badaró foi assassinado e a causa da morte foi atribuída a Dom Pedro I. Isso gerou comoção no país e aumento da já crescente insatisfação com o imperador.

A Noite das Garrafadas

Em busca da recuperação da popularidade e do apoio brasileiro, Dom Pedro I saiu do Rio de Janeiro e seguiu para a cidade mineira de Ouro Preto. Ao chegar lá, o imperador foi recebido com hostilidade pelos moradores e políticos locais. Nas sacadas dos casarões históricos, foram colocadas faixas pretas representando luto em protesto contra as ações autoritárias do imperador.

Para compensar a visita hostil em Minas Gerais, os portugueses simpáticos ao imperador organizaram uma recepção calorosa no Rio de Janeiro para recebê-lo. Isso causou indignação entre os brasileiros contrários ao governo, e o confronto entre os dois grupos ocorreu na noite de 11 de março de 1831. 

Entre paus, garrafas e outros objetos de vidro, brasileiros e portugueses se enfrentaram nas ruas do Rio de Janeiro por três dias. Ressalta-se que os brasileiros saíram vitoriosos do confronto contra os portugueses por estarem em maior quantidade, e assim houve a continuidade dos protestos a Dom Pedro.

Consequência da Noite das Garrafadas

Percebendo a gravidade da crise política, Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em 7 de abril de 1831, poucos anos após a declaração da independência, em favor do seu filho Pedro de Alcântara, que, na ocasião, tinha apenas cinco anos de idade.

Devido à pouca idade do príncipe herdeiro, o Brasil entrou no Período Regencial, no qual foi governado por regentes até o golpe da maioridade, que foi a antecipação da coroação de Dom Pedro II como o novo imperador do Brasil, cargo que ele passou a ocupar aos 13 anos e que deu início ao Segundo Reinado.

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