domingo, 28 de julho de 2019

CASTRO ALVES

Castro Alves foi um poeta brasileiro. O último grande poeta da Terceira Geração Romântica no Brasil. "O Poeta dos Escravos". Expressou em suas poesias a indignação aos graves problemas sociais de seu tempo. Denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade, dando ao romantismo um sentido social e revolucionário que o aproximava do Realismo. Foi também o poeta do amor, sua poesia amorosa descreve a beleza e a sedução do corpo da mulher. É patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras.

Antônio Francisco de Castro Alves nasceu na vila de Curralinho, hoje cidade de Castro Alves, Bahia, em 14 de março de 1847. Filho de Antônio José Alves, médico e também professor, e de Clélia Brasília da Silva Castro. Em 1854, sua família mudou-se para Salvador, pois seu pai foi convidado para lecionar na Faculdade de Medicina. Em 1858 ingressou no Ginásio Baiano, onde foi colega de Rui Barbosa. Demonstrou vocação apaixonada e precoce pela poesia. Em 1859 perdeu sua mãe. No dia 9 de setembro de 1860, com 13 anos, recitou sua primeira poesia em público, em uma festa na escola.
No dia 24 de janeiro de 1862, seu pai se casou com a viúva Maria Ramos Guimarães. No dia 25, o casal, o poeta e seu irmão José Antônio partiram no vapor Oiapoque para a cidade do Recife, onde o jovem iria fazer os preparatórios para ingressar na Faculdade de Direito. Nessa época, a capital pernambucana efervescia com os ideais abolicionistas e republicanas. Castro Alves foi reprovado duas vezes. Cinco meses depois de chegar, publicava o poema “A Destruição de Jerusalém”, no Jornal do Recife, recebendo muitos elogios.
Em março de 1863, durante uma apresentação da peça Dalila, de Octave Feuillet, no Teatro Santa Isabel, no Recife, Castro Alves se encantou com a atriz Eugênia Câmara. Em 17 de maio publicou no jornal “A Primavera”, sua primeira poesia sobre a escravidão: “Lá na última senzala,/ Sentado na estreita sala,/ Junto ao braseiro, no chão,/ Entoa o escravo seu canto/ E ao cantar correm-lhe em pranto/ Saudades do seu torrão”. Um mês depois, enquanto escrevia uma poesia para Eugênia, os sintomas da tuberculose começaram a aparecer.
Em 1864 morreu seu irmão e, ainda abalado, foi finalmente aprovado no curso de Direito. Participou ativamente da vida estudantil e literária. Publicou suas poesias no jornal “O Futuro”. No 4º. número, publicou uma sátira à academia e aos estudos jurídicos. Preferia as noitadas do Teatro Santa Isabel. No dia 7 de outubro, provou o gosto da morte. Uma dor no peito e uma tosse incontrolável o fez lembrar, da mãe e dos poetas que morreram com a doença. No ímpeto, escreveu “Mocidade e Morte”.
Nesse mesmo ano, voltou para a Bahia, faltando aos exames e perdendo o ano na faculdade. Em Salvador, na casa da Rua do Sodré procurou repousar. Em março de 1865, retornou ao Recife e ao curso de Direito. Isolado no bairro de Santo Amaro, viveu com a misteriosa Idalina. Ao visitar o amigo Maciel Pinheiro, condenado à prisão escolar no térreo do Colégio das Artes, por haver criticado a academia em um artigo no Diário de Pernambuco, escreve o poema “Pedro Ivo”, exaltando o revolucionário da Praieira e o ideal republicano: “República!... Voo ousado/ Do homem feito condor! Novamente o condor aparece em sua poesia, simbolizando a liberdade. Mais tarde, foi chamado de “poeta condoreiro”.
No dia 11 de agosto de 1865, na abertura solene das aulas, a sociedade pernambucana se reuniu no salão nobre da faculdade para ouvir os discursos e saudações das autoridades, professores e alunos. Castro Alves foi um deles: “Quebre-se o cetro do Papa,/ Faça-se dele uma cruz!/ A púrpura sirva ao povo/Para cobrir os ombros nus. / (...)”. Os mais velhos olhavam admirados e os mais jovens deliravam.
No dia 23 de janeiro de 1866 morreu seu pai, deixando cinco filhos menores de 14 anos. A responsabilidade ficou com a viúva e com Castro Alves, agora com 19 anos. Nesse mesmo ano, iniciou um intenso caso de amor com Eugênia Câmara, dez anos mais velha que ele. Em 1867 partiram para a Bahia, onde ela iria representar um drama em prosa, escrito por ele "O Gonzaga ou a Revolução de Minas". Em seguida, Castro Alves partiu para o Rio de Janeiro onde conheceu Machado de Assis, que o ajudou a ingressar nos meios literários. Em seguida, foi para São Paulo e concluiu o Curso de Direito na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco. Em 1868 rompeu com Eugênia. De férias, numa caçada nos bosques da Lapa, feriu o pé esquerdo com um tiro de espingarda, resultando na amputação do pé. Em 1870 voltou para Salvador onde publicou "Espumas Flutuantes", único livro editado em vida.

Características da Obra de Castro Alves

Castro Alves é a maior figura do Romantismo. Desenvolveu uma poesia sensível aos problemas sociais de seu tempo e defendeu as grandes causas da liberdade e da justiça. Sua poesia era como um grito explosivo a favor dos negros, sendo por isso denominado “O Poeta dos Escravos”. Sua poesia é classificada como “Poesia Social”, que aborda o tema do inconformismo e da abolição da escravatura, através da inspiração épica e da linguagem ousada e dramática como nos versos de “Vozes d’África e “Navios Negreiros”, pertencentes à obra “Os Escravos”. Com “Poeta do Amor” ou “Poeta Lírico”, a mulher não aparece distante, sonhadora, intocada como em outros românticos, mas uma mulher real e sensual. Foi também o “Poeta da Natureza”, como se observa nos versos de “No Baile na Flor” e “Crepúsculo Sertanejo”, onde enaltece a noite e o Sol, como símbolos da esperança e liberdade.
Antônio Frederico de Castro Alves faleceu em Salvador, no dia 6 de julho de 1871, vitimado pela tuberculose, com apenas 24 anos.

Poesias de Castro Alves

A Canção do Africano
A Cachoeira de Paulo Afonso
A Cruz da Estrada
Adormecida
Amar e Ser Amado
Amemos! Dama Negra
As Duas Flores
Espumas Flutuantes
Hinos do Equador
Minhas Saudades
O "Adeus" de Teresa
O Coração
O Laço de Fita
O Navio Negreiro
Ode ao Dois de Julho
Os Anjos da Meia Noite
Vozes d'África

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