terça-feira, 20 de agosto de 2019

QUEM FOI FREI CANECA?

Frei Caneca foi um religioso e revolucionário brasileiro. Apoiou a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador em 1824, movimentos pela independência do Brasil.

Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca nasceu no Recife, Pernambuco no dia 20 de agosto de 1779. Filho de Domingos da Silva Rabelo, que trabalhava como fabricante de barris, e de Francisca Maria Alexandrina de Siqueira. Frei Caneca entrou para o Convento em 1795, ordenando-se frei em 1799 com apenas 20 anos, na Ordem dos Carmelitas. Passou, então, a lecionar retórica, filosofia, poesia e geometria.
Frei Caneca, nome adotado porque vendia canecas nas ruas do Recife, quando criança, tornou-se um dos intelectuais preeminentes de Pernambuco, aderindo aos ideais libertários e juntando-se aos liberais na luta pela independência e na formação de uma república.

Revolução Pernambucana de 1817

No Recife, os conspiradores eram formados por comerciantes, padres, alguns oficiais, senhores de engenho e maçons insatisfeitos com os privilégios, monopólio e abusos fiscais que beneficiavam os portugueses.
Frei Caneca, Padre Roma, Domingos José Martins, entre outros, preparavam um levante para o dia 8 de abril de 1817, mas, no dia 4 de março, antes que os planos estivessem prontos o governador de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro ficou sabendo da situação e mandou prender os principais implicados.
Estes, então, anteciparam a eclosão do movimento, que teve início quando o capitão José de Barros Lima (o Leão Coroado) matou o oficial português encarregado de prendê-lo. Os patriotas tornaram-se senhores da situação, o governador foi deposto e partiu para o Rio de Janeiro. A revoltada estendeu-se ao Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O governo provisório durou 75 dias, até que o Recife foi cercado por mar e por terra.

Prisão de Frei Caneca

Muitos revoltosos foram mortos, outros fugiram, e Frei Caneca, com uma corrente de ferro no pescoço ligado a mais três prisioneiros, caminhava em fila, pelas ruas do Recife rumo ao porto. Atrás do cortejo, uma banda militar tocava tentando atrair o povo, para que todos vissem o destino daqueles que se atreviam a desafiar a Coroa.
Ao chegar ao porto, Frei Caneca e os outros prisioneiros foram embarcados no porão de um navio rumo a uma prisão em Salvador. Era o fim da Revolução Pernambucana de 1817.
Em Pernambuco, Domingos Teotônio e o padre Miguelinho foram executados. A mesma sorte tiveram alguns prisioneiros na Bahia. Em 6 de agosto de 1817, D. João VI determinou que se acabasse com as condenações à morte.
Passado o perigo, o príncipe regente não vendo mais motivos para continuar com as perseguições, a 6 de fevereiro de 1818, mandou dar por concluída as devassas. Com isso, melhoraram as condições dos prisioneiros. Os presos receberam ajuda das freiras do Convento de Desterro, que levavam roupas, comidas e livros. Frei Caneca organizou uma escolinha na prisão, onde cada um ensinava sua especialidade aos colegas. Depois de quatro anos, Frei Caneca obteve o perdão Real.
Em princípios de 1821, Frei Caneca estava de volta ao Recife, sendo nomeado pela junta do governo constitucional, recém-eleita, para lecionar geometria elementar. A campanha pela libertação política em todo o país já não era sufocada. Em 7 de setembro de 1822 foi proclamada a Independência do Brasil, mas os desentendimentos entre brasileiros e portugueses não havia acabado.

A Confederação do Equador

Desde que foram soltos, em 1821, os rebeldes de 1817 voltaram a se reunir, a militar nas lojas maçônicas e nos clubes secretos. Acreditavam poder impor um governo próprio no Nordeste, pois desconfiavam das ideias da corte.
Em 1824 uma nova revolução estava se formando, a Confederação do Equador, que para muitos foi o prolongamento da Revolução Pernambucana.
No Tífis Pernambucano, jornal que Frei Caneca fundou e dirigiu desde 25 de dezembro de 1823 até 5 de agosto de 1824, alimentava as ideias revolucionárias. “Quem bebe da minha caneca tem sede de Liberdade”, dizia Caneca.
No dia 2 de julho de 1824, os líderes pernambucanos lançaram um manifesto, rompendo com o Rio de Janeiro e logo a seguir anunciaram a formação de uma república – a “Confederação do Equador”. Frei Caneca começou a publicar as "Bases para a Formação do Pacto Social", que era um projeto de Constituição para o novo Estado.
A Confederação do Equador, cujo apoio externo chega a alcançar a Paraíba, o Rio Grande do Norte e Ceará, vai aos poucos sofrendo derrotas importantes. A Divisão Constitucional da Confederação do Equador, coluna que durante 71 dias percorreu o interior de Pernambuco, recebeu a participação de Frei Caneca. Em Juazeiro do Norte encontrou 150 cadáveres.
No dia 29 de novembro de 1824, a coluna foi cercada pelas tropas legalistas que lhe impõe a rendição. Os homens depõem as armas e chegava ao fim mais uma revolução. Frei Caneca foi levado para a Casa de Detenção no Recife, juntamente com outros seis rebeldes e alojados em um estreito e sujo calabouço. No dia 25 de dezembro de 1824, foi levado para uma sala, de onde saiu no dia 10 de janeiro para ser julgado e ouvir a sentença: condenado à forca.
Petições, pedidos de clemência, desfile de ordens religiosas, tudo foi feito para amenizar a punição dos rebeldes, mas o Governo Central não cedeu e decidiu manter a sentença. Quando a forca estava pronta, ninguém se apresentou para enforcar Frei Caneca. Todos os escolhidos se negaram. De repente, o comandante desistiu. A solução foi alterar a sentença. Um pelotão foi formado e sem formalidades, Frei Caneca foi fuzilado e seu corpo foi colocado em um caixão e levado para a porta do Convento dos Carmelitas.
Frei Caneca faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 13 de janeiro de 1825.

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