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quarta-feira, 19 de junho de 2019

VOLTAIRE

Voltaire foi um filósofo e escritor francês, um dos grandes representantes do Movimento Iluminista na França. Foi também ensaísta, poeta, dramaturgo e historiador. Voltaire, Montesquieu Rousseau foram os três nomes mais significativos do Iluminismo francês.

Voltaire, pseudônimo literário de François Marie Arouet, nasceu em Paris, França, no dia 21 de novembro de 1694. Descendente de família burguesa, entre 1704 e 1711, foi aluno do Collège Louis-le Grand, em Paris, uma das mais importantes instituições de ensino da França. Iniciou o curso de direito, porém não terminou.

De temperamento e ideias revolucionárias, Voltaire frequentou a Société du Temple, que reunia libertinos e livres pensadores. Nessa época, os importantes avanços econômicos, culturais e científicos levaram à crença de que o destino da humanidade era o progresso. Além do racionalismo e do liberalismo, outro princípio tipicamente iluminista era o anticlericalismo – posição política contrária ao poder da Igreja.

Voltaire, ligado à alta burguesia, era um crítico fervoroso do absolutismo, da nobreza e principalmente da Igreja, foi um dos pensadores que melhor encarou o espírito do Século das Luzes. Escreveu versos desrespeitosos, dirigidos ao rei Luís XIV, que lhe valeram a reclusão na Bastilha em 1717. Uma vez libertado, foi exilado em Chátenay.
Voltaire foi um combativo escritor. Em 1718 escreveu a tragédia “Èdipo”, com o pseudônimo de Voltaire, que lhe abriu as portas dos meios literários. Em 1726, em um desentendimento com o Cavaleiro Rohan, foi novamente preso. Depois de cinco meses, foi exilado na Inglaterra onde permaneceu até 1729.

Na Inglaterra, Voltaire tomou contato com as ideias de John Locke e influenciado pelo regime de governo parlamentar, instituído após a Revolução Gloriosa de 1688, passou a defender a ideia de que a tolerância religiosa e a monarquia constitucional inglesa deveriam ser adotadas por todas as nações europeias.

Voltaire condenava o Absolutismo, porém defendia a necessidade de uma Monarquia centralizada em que os reis, assessorados pelos filósofos, fossem capazes de fazer reformas de acordo com o interesse da sociedade. Embora afirmasse que “todo homem tem o direito de acreditar ser igual aos outros homens”, Voltaire tinha verdadeiro desprezo pelo povo.
Voltaire foi atuante propagandista das ideias liberais, defendendo o direito dos indivíduos à liberdade política e de expressão. Criticava a Igreja, mas não era ateu e sim deísta – acreditava que Deus estava presente na natureza e, como nela se encontra o homem, Deus estava presente também no homem, que pode descobri-lo por meio da razão, dizendo que ela guia o homem para a sabedoria.

Em 1734, Voltaire publicou “Cartas Inglesas ou Carta Filosóficas”, sua obra mais escandalosa, onde faz uma comparação entre a liberdade inglesa e o atraso da França absolutista, clerical e obsoleta. Condenado pelas autoridades francesas, novamente teve que fugir, sendo acolhido pela marquesa du Châtelet, no castelo de Cirey em Lorena, onde passou dez anos.

Em 1744, voltou para Paris e, dois anos mais tarde, foi eleito para a Academia Francesa e introduzido por Madame Pompadour na corte. Em 1749, com a morte da marquesa, e com a perda de prestígio na corte, aceitou o convite de Frederico II, o Grande, da Prússia, para viver na corte de Potsdam. Em 1753, depois de se desentender com o rei, retirou-se para uma casa perto de Genebra. Em 1778, viajou para Paris, quando veio a falecer.

Voltaire faleceu em Paris, França, no dia 30 de maio de 1778.

O ILUMINISMO

Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na Europa, que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime (trevas)  e pregava maior liberdade econômica e política.

Neste sentido, este movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Os intelectuais que defendiam o Iluminismo tinham o apoio da burguesia, pois ambos tinham interesses em comum.
No final da Idade Média, a sociedade vivia vários problemas:
- Mercantilismo exacerbado; 
- Absolutismo monárquico;
- Super-poder da Igreja e das "verdades" defendidas por ela, sempre baseadas na religião.
Com base nestes três pontos, é possível afirmar que o Iluminismo defendia:
- A liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do Estado na economia;
- O Antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão;
- O predomínio da burguesia e seus ideais.

As ideias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela população. Alguns reis absolutistas, com medo de perder o governo - ou mesmo a cabeça -, passaram a aceitar algumas ideias iluministas.
Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam conciliar o jeito de governar absolutista com as ideias de progresso iluministas.
Alguns representantes do despotismo esclarecido foram: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal.
Alguns pensadores ficaram famosos e tiveram destaque por suas obras e ideias neste período. São eles:

John Locke

John Locke é Considerado o “pai do Iluminismo”. Sua principal obra foi “Ensaio sobre o entendimento humano”, aonde Locke defende a razão afirmando que a nossa mente é como uma tábula rasa sem nenhuma ideia. 
Defendeu a liberdade dos cidadãos e Condenou o absolutismo.

Voltaire

François Marie Arouet Voltaire destacou-se pelas críticas feitas ao clero católico, à inflexibilidade religiosa e à prepotência dos poderosos.

Montesquieu

Charles de Secondat Montesquieu em sua obra “O espírito das leis” defendeu a tripartição de poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.
No entanto, Montesquieu não era a favor de um governo burguês. Sua simpatia política inclinava-se para uma monarquia moderada.

Rousseau

Jean-Jacques Rousseau é autor da obra “O contrato social”, na qual afirma que o soberano deveria dirigir o Estado conforme a vontade do povo. Apenas um Estado com bases democráticas teria condições de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos. Rousseau destacou-se também como defensor da pequena burguesia.

Quesnay

François Quesnay foi o representante oficial da fisiocracia. Os fisiocratas pregavam um capitalismo agrário sem a interferência do Estado.

Adam Smith

Adam Smith foi o principal representante de um conjunto de ideias denominado liberalismo econômico, o qual é composto pelo seguinte:
- o Estado é legitimamente poderoso se for rico;
- para enriquecer, o Estado necessita expandir as atividades econômicas capitalistas;
- para expandir as atividades capitalistas, o Estado deve dar liberdade econômica e política para os grupos particulares.
A principal obra de Smith foi “A riqueza das nações”, na qual ele defende que a economia deveria ser conduzida pelo livre jogo da oferta e da procura.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

QUEM FOI MONTESQUIEU

 Montesquieu foi um filósofo social e escritor francês. É o autor de "Espírito das Leis". Foi o grande teórico da doutrina que veio a ser mais tarde a separação dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. É considerado o autêntico precursor da Sociologia Francesa.



Pensador influente nas áreas da Filosofia, da História e do Direito Constitucional, foi também um dos maiores prosadores da língua francesa. Montesquieu foi um dos grandes nomes do pensamento iluminista, junto com Voltaire, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.

Charles-Louis de Sécondat, conhecido como Montesquieu, nasceu no castelo de La Brède, perto de Bordéus, França, no dia 18 de janeiro de 1689. Filho de aristocratas, estudou no Colégio Juilly, onde fez sólidos estudos humanísticos.

Com 16 anos, Montesquieu ingressou no curso de Direito da Universidade de Bordéus. Nessa época, frequentou os círculos da boêmia literária de Paris.

Com a morte de seu pai, Montesquieu herdou o título de Barão de La Brède. Mais tarde, herdou de um tio o título de Barão de Montesquieu, e uma propriedade rural produtora de vinho, que manteve pelo resto da vida.

Seguindo uma tradição familiar, em 1714, tornou-se conselheiro do tribunal provençal de Bordéus, que presidiu entre 1716 e 1726. Quando resolveu conhecer de perto as instituições políticas de outros povos, Montesquieu percorreu vários países em viagem de estudos, e atraído pelo modelo político britânico esteve em Londres, entre 1729 e 1731.

Cartas Persas

Livre pensador em matéria religiosa e apreciador dos prazeres da vida, Montesquieu imprimiu esse espírito no seu primeiro livro “Cartas Persas” (1721), cartas imaginárias de um persa que ao visitar a França teria estranhado os costumes e as instituições vigentes.

Espirituoso e irreverente, o livro relativiza os valores de uma civilização pela comparação com os da outra, bem diferentes. Montesquieu satiriza sutilmente as tendências cartesianas da filosofia francesa e o absolutismo do Estado e da Igreja. Verdadeiro manual do Iluminismo, foi uma das obras mais lidas no século XVIII. A obra lhe valeu a entrada na Academia Francesa em 1727.

A Filosofia da história

O humanismo de Montesquieu é o fundamento da obra “Considerações Sobre a Causa da Grandeza dos Romanos e de Sua Decadência” (1734) na qual o escritor procura determinar as causas da grandeza e da queda das nações e dos impérios.

Na obra, Montesquieu explica o curso da história por meio de fatos naturais, econômicos, políticos, situação geográfica e amplitude de seus domínios. Como precursor das ideias de Turgot e Friedrich Hegel, Montesquieu foi um dos fundadores da filosofia da história. Foi o primeiro a usar o termo "decadência", a propósito de uma nação e de seu destino histórico.

Teoria Política de Montesquieu

Em 1748, Montesquieu publicou sua principal obra, “O Espírito das Leis”, obra de grande impacto que foi editada inúmeras vezes e traduzida para outras línguas. Nela, Montesquieu elabora sua teoria política e o resumo de suas ideias.

Para Montesquieu, não existia uma forma de governo ideal que servisse para qualquer povo em qualquer época. Em “O Espírito das Leis”, Montesquieu elaborou conceitos sobre formas de governo e exercício da autoridade política, que se tornaram pontos doutrinários básicos da ciência política.

Assim, para criar um sistema político estável tinha que ser levado em conta o desenvolvimento econômico-social do país e até determinantes geográficos e climáticos que influenciavam decisivamente na forma de governo.

Montesquieu considerava que cada uma das três formas de governo era baseada por um princípio: "a democracia baseia-se na virtude, a monarquia na honra e o despotismo no medo".

Ao rejeitar o despotismo, afirmava que a democracia só era viável em repúblicas de pequenas dimensões territoriais, decidindo-se em favor da monarquia constitucional.

Doutrina dos Três Poderes

Sua contribuição mais conhecida foi a “Doutrina dos três poderes”, baseada em Locke, em que defendia a divisão da autoridade governamental em três setores fundamentais: o executivo, o legislativo e o judiciário, cada um independente e fiscal dos outros dois.

Seria essa a melhor garantia da liberdade dos cidadãos, e ao mesmo tempo, da eficiência das instituições políticas.

Montesquieu faleceu em Paris, França, no dia 10 de fevereiro de 1755.

As teorias de Montesquieu exerceram profunda influência no pensamento político moderno. Inspiraram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão elaborada em 1789 durante a Revolução Francesa, que substituiu a monarquia constitucional pelo presidencialismo.

Com o fim do absolutismo, diversos países europeus adotaram a monarquia constitucional e muitas delas sobreviveram até depois da Primeira Guerra Mundial.

Obras

  • Cartas Persas (1721);
  • Considerações Sobre a Causa da Grandeza dos Romanos e a sua Decadência (1734).
  • O Espírito das Leis (1748).
  • Obs.: Montesquieu foi um dos 130 colaboradores da Enciclopédia, obra monumental dividida em 17 volumes de responsabilidade dos filósofos Diderot e D’Alembert.

domingo, 28 de julho de 2019

MÁRIO QUINTANA

Mário Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Foi considerado um dos maiores poetas do século XX. Mestre da palavra, do humor e da síntese poética, em 1980 recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras (ABL) e em 1981 foi agraciado com o Prêmio Jabuti.

Mário Quintana nasceu na cidade de Alegrete, no Rio Grande do Sul, no dia 30 de julho de 1906. Filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico e de Virgínia de Miranda Quintana, iniciou seus estudos na Escola Elementar e depois na escola do mestre português Antônio Cabral Beirão, em sua cidade natal. Aprendeu noções de francês com seus pais.

Em 1919 mudou-se para Porto Alegre e ingressou no Colégio Militar de Porto Alegre, em regime de internato. Nessa época, publicou seus primeiros versos na revista literária dos Alunos do Colégio Militar.
Em 1923, Mário Quintana publicou um soneto no jornal de Alegrete, com o pseudônimo de "JB". Em 1924, deixou a Colégio Militar e começou a trabalhar como atendente na livraria Globo, onde permaneceu durante três meses. Em 1925 retornou para Alegrete, onde passou a trabalhar na farmácia da família.
Em 1926 ficou órfão de mãe. Nesse mesmo ano, Quintana foi premiado em um concurso de contos do jornal Diário de Notícias, de Porto Alegre, com o conto "A Sétima Passagem". No ano seguinte seu pai faleceu.

Em 1929, Mário Quintana começou a trabalhar como tradutor na redação do jornal O Estado do Rio Grande. Em 1930, a Revista Globo e o Correio do Povo publicaram os versos do poeta. O jornal O Estado do Rio Grande foi fechado, época da Revolução de 1930, quando Quintana partiu para o Rio de Janeiro, onde entrou como voluntário para o 7º. batalhão de Caçadores de Porto Alegre. Seis meses depois retornou para Porto Alegre e reinicio seu trabalho no jornal O Estado do Rio Grande.

Em 1934, publicou sua primeira tradução, o livro "Palavras e Sangue", de Giovanni Papini. O poeta também traduziu autores como Voltaire, Virginia Woolf e Emil Ludwig. Traduziu também "Em Busca do Tempo Perdido", de Marcel Prost. Em 1936, Mário Quintana transferiu-se para a Livraria do Globo, onde trabalhou com Érico Veríssimo. Nessa época seus textos foram publicados na revista Ibirapuitan.

Em 1940, Mário Quintana publicou seu primeiro livro de sonetos: “A Rua dos Cataventos”. A aceitação de sua poesia levou vários sonetos a serem transcritos em antologias e livros escolares:

Em 1948, Mário Quintana publicou “Sapato Florido”, uma experiência que culminou com “Do Caderno H”, que reúne poemas curtos em prosa, mas com dimensão e densidades poéticas e geralmente irônicos.

Por três vezes Mário Quintana tentou entrar para a Academia Brasileira de Letras. Jamais perdoou os acadêmicos da desfeita. No dia 25 de agosto de 1966, Mário foi saudado na sessão da Academia por Augusto Mayer e Manuel Bandeira, que lê um poema de sua autoria. Convidado para se candidatar pela quarta vez, Mário recusou o convite.

Em 1980, Mario Quintana recebeu o prêmio Machado de Assis da ABL pelo conjunto da obra. Em 1981, foi agraciado com o Prêmio Jabuti como Personalidade Literária do Ano.

Mário Quintana não se casou nem teve filhos. Foi hóspede do Hotel Majestic, no centro histórico de Porto Alegre, de 1968 até 1980. Desempregado, sem dinheiro foi despejado e alojado no Hotel Royal, no quarto de propriedade do ex-jogador Paulo Roberto Falcão.
Mário de Miranda Quintana faleceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 5 de maio de 1994.

domingo, 14 de junho de 2020

O QUE FOI O INDEX LIBRORUM PROHIBITORUM

Maquiavel, Galileu, Kepler, Descartes, Voltaire, Victor Hugo, Jean-Paul Sartre. O que pensadores, cientistas e escritores de épocas tão diferentes têm em comum? Esses são apenas alguns dos autores incluídos no Index Librorum Prohibitorum, da Igreja Católica, a maior e mais influente lista de livros proibidos da História.

O índice vigorou por mais de 400 anos, entre 1559 e 1966 — baniu títulos imorais e, principalmente, contrários aos pontos de vista da doutrina cristã. Até o século 18, quando o índice já perdia influência, leitores que ousassem possuir as obras vetadas corriam o risco de ser julgados pelos tribunais da inquisição como hereges. Para os autores, as penas eram mais graves. Que o diga o teólogo Giordano Bruno, executado na fogueira em 1600.
Tentativas de controlar a informação aparecem na História desde a Antiguidade. Na Grécia e em Roma, políticos e sacerdotes se preocupavam com o que a população deveria ou não pensar. Sócrates, no século 4 a.C., foi obrigado a tomar cicuta, entre outros motivos, por "corromper a juventude" ao defender ideias como atribuir ao reconhecimento da ignorância a base da sabedoria.
Na era cristã, a seleção dos evangelhos que entrariam na Bíblia já demonstra o esforço da Igreja em moldar a doutrina. Os concílios de Niceia e Roma, no século 4, foram decisivos, assim como decretos papais posteriores. Textos como o Evangelho de Tomé (hoje tido por muitos especialistas como o mais antigo) e o de Judas passaram a ser considerados apócrifos. "A decisão sobre o que seria incluído ou não era política", diz André Barroso, professor de História da Religião e Filosofia da Unicamp.
"O Evangelho de João, por exemplo, quase ficou de fora. Mas, como seria muito estranho colocar as Cartas de João (que os padres aprovavam) e não reconhecer seu evangelho, ele acabou passando." A própria Bíblia menciona o expurgo de publicações. O Atos dos Apóstolos (19:19) cita uma fogueira de livros de "magia", trazidos por cristãos recém-convertidos, avaliados em "50 mil peças de prata". Um decreto do papa Gelásio I do fim do século 5 é tido como uma espécie de precursor do Index
Entre os séculos 18 e 19, os regimes absolutistas perdem terreno na Europa, na esteira da Revolução Francesa. Diante do Iluminismo, a Igreja também enfrenta resistência. Autores como David Hume e Denis Diderot são vetados, mas, na prática, o Vaticano perde poder para impor a censura. Em 1917, a Congregação do Index é incorporada ao Santo Ofício. Lá, a lista permaneceu até 1965, quando após nova mudança de nome, nasce a Congregação para a Doutrina da Fé. 
No ano seguinte, o Index foi extinto — já não era atualizado desde 1948. A última edição alcançou 4 mil títulos. "A Igreja não fez uma retratação. Ela reconheceu que o mundo mudou", afirma André Barroso. Ou seja, tais livros ainda são perigosos, mas a legislação canônica não trata mais do tema.

Autoridades do clero ainda hoje podem emitir um admonitum, advertência sobre os riscos de determinada obra (seja qual for a mídia). Foi o que aconteceu quando Dan Brown lançou o Código Da Vinci, em 2003, ficção que atacava a Opus Dei.
Se a Igreja Católica deixou de listar títulos indesejados, nem de longe isso significa o fim da censura. A perseguição pode ser comum em outras religiões — Salman Ruhsdie passou a ser ameaçado de morte por fundamentalistas islâmicos depois de publicar Os Versos Satânicos, em 1989 — e mesmo governos democráticos usam brechas legais para conter informações indesejadas. Sem mencionar a pressão política e financeira. De qualquer forma, na era da internet, é tarefa cada vez mais difícil controlar a informação.
Por vários séculos, porém, a Igreja não precisou formalizar as proibições. Na Idade Média, a maioria da população era analfabeta, e os livros, raríssimos. Os exemplares eram reproduzidos a mão por monges. O latim, língua exclusiva às obras até o século 16, era dominado apenas por clérigos e um ou outro nobre. A partir da prensa de Johannes Gutenberg, porém, a coisa muda de figura. Não por acaso, o primeiro livro que ele imprimiu foi a Bíblia (em latim), em 1455.
Em pouco tempo, a capacidade das prensas era de 3,6 mil páginas impressas por dia. Muito mais do que permitiam técnicas anteriores ou as mãos calejadas dos monges copistas. A novidade se espalhou com rapidez e, em 1500, os equipamentos da Europa Ocidental já produziam mais de 20 milhões de exemplares.
A oferta (que já não se limitava ao latim) alimentava a procura. E disparou o sinal amarelo dos governos constituídos, que passaram a regulamentar a atividade das gráficas. Na Londres de meados do século 16, o trabalho de impressão foi restrito a duas universidades e às 21 prensas já existentes na cidade. Na França, em 1546, o gráfico Etienne Dolet foi queimado, acusado de disseminar o ateísmo.
Longe dos olhos do público, os membros do clero tinham debates acalorados sobre o que deveria ou não ser incluído no Index. O trabalho começava com uma denúncia: os católicos podiam sugerir livros que achassem perigosos.
Dois consultores eram nomeados para analisar cada obra. Suas conclusões eram então apresentadas aos cardeais da Congregação do Índex, em seus três ou quatro encontros anuais. Um relatório da discussão era produzido e submetido à aprovação do papa.
Pesquisadores que tiveram acesso a esses relatórios, abertos pelo Vaticano nos anos 1990, estimam que o número de livros denunciados e investigados pela Igreja era pelo menos o dobro dos que efetivamente foram proibidos. O Mein Kampf, de Adolf Hitler, analisado por três anos, acabou inocentado.
Com a Reforma protestante, iniciada por Martinho Lutero, em 1517, a Igreja é posta em xeque. Teólogo respeitado, quando abandona o catolicismo, Lutero traz consigo quase todo o clero da Alemanha. Para que a manobra desse certo, porém, era preciso mobilizar a população a seu favor. Assim, ele traduz a Bíblia para o alemão e converte a edição das Escrituras em idiomas locais numa bandeira protestante.
As versões ajudaram a alfabetizar muitos fiéis. Antes disso, nem o baixo clero tinha acesso aos textos sagrados. "Era o que a Igreja temia: que novos cismas pudessem acontecer no seio da religião", diz André. É no contexto da Contra-Reforma, portanto, que surge o primeiro Index Librorum Prohibitorum.
Em 1559, o papa Paulo IV vetou cerca de 550 obras e seus autores. Listas do tipo já haviam aparecido nos Países Baixos, em Veneza e em Paris, mas foi mesmo com o Index que a censura deslanchou. Até para os católicos, porém, o primeiro índice foi considerado muito restritivo.
Uma nova versão, o Index Tridentino (mais liberal), foi lançada em 1564. Essa relação foi a base para as futuras edições até 1897, quando Leão XIII definiu o Index Leonino. Cada papa podia emendar a lista, mas as citadas acima tiveram maior destaque.
O primeiro alvo dos vetos, claro, foram Lutero e outros teólogos protestantes. A partir de 1571, foi criada a Sagrada Congregação do Índex, encarregada de avaliar os livros denunciados em Roma. Além de proibir autores, a comissão sugeria correções para certas obras, que poderiam ser publicadas se ajustadas.
Nietzsche e vários autores ateus acabaram de fora da relação: desde o Index Tridentino, obras notadamente heréticas, que contrariavam o dogma católico, eram proibidas por definição, sem necessidade de reafirmar isso na lista.
A Igreja adotou ainda uma forma de censura prévia: o imprimatur. Quem quisesse ter o aval da instituição podia submeter seus livros ao bispo, que recomendava (ou não) a publicação, na íntegra ou com alterações. Na primeira  página ou na capa, vinha o selo de imprimatur (do latim, "imprima-se").
Mecanismo similar foi utilizado por outras igrejas, como a Anglicana. Isaac Newton, por exemplo, teve de pedir autorização ao arcebispo de Canterbury para publicar seus Princípios da Matemática.
Nos primeiros séculos de atuação, o Index e a inquisição se complementavam. Alguns processos admitiam direito de defesa. Outros corriam de forma sumária. Uma retratação pública, eventualmente, poderia evitar penas mais duras. Galileu recuou da defesa do heliocentrismo e escapou da morte.
No século 19, esse deixou de ser um dogma, e as obras do italiano saíram do Index. Também a freira Faustina Kowalska, que escreveu sobre as visões que tivera de Jesus e Maria, foi reabilitada. Seu relato, proibido em 1959, permaneceu assim por 20 anos, mas acabou liberado. Ela foi canonizada em 2000.

terça-feira, 2 de julho de 2024

JEAN JACQUES ROUSSEAU

 Jean-Jacques Rousseau foi um filósofo social, teórico político e escritor suíço. Foi considerado um dos principais filósofos do Iluminismo e um precursor do Romantismo. Em sua obra mais importante "O Contrato Social" desenvolveu sua concepção de que a soberania reside no povo.



Suas ideias políticas, voltadas contra as injustiças da época, repercutiram nos destinos da Revolução Francesa de 1789.

Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, Suíça, no dia 28 de junho de 1712. Filho de um modesto relojoeiro protestante ficou órfão de mãe logo ao nascer. Foi criado por uma tia materna e por seu pai.

Em 1722 ficou órfão de pai. Em 1724, com 12 anos, iniciou seus estudos. Nessa época, já escrevia comédias e sermões. Passou a levar uma vida errante e na tentativa de se afirmar numa profissão trabalhou como aprendiz de relojoeiro e de gravador.

Em 1728, com 16 anos, Jean-Jacques Rousseau foi para Savóia, na Itália. Sem meios para se manter, procurou uma instituição católica e manifestou o desejo de se converter. De volta a Genebra conheceu Madame de Varcelli, uma dama ilustre que passou a cuidar de sua manutenção. Com a morte dela, resolveu percorrer a Suíça em busca de aventuras.

Entre 1732 e 1740, viveu na França, quando se envolveu com Madame de Warens, em Chambéry, época em que conquistou, como autodidata, grande parte de sua instrução. Em 1742, foi para Paris, onde conheceu uma nova protetora que o indicou para secretário do Embaixador da França, em Veneza. Observando as falhas do Governo de Veneza, passou a se dedicar ao estudo e à compreensão da política.

De volta a Paris, no começo de 1745, começou um relacionamento com Thérèse Levasseur, uma jovem criada de um hotel que lhe deu cinco filhos e com quem se casou, em 1768, em uma cerimônia civil.

Iluminismo

Jean-Jacques Rousseau viveu em uma época em que o absolutismo dominava toda a Europa e diversos movimentos buscavam uma renovação cultural, entre eles o Iluminismo – nome dado ao movimento composto por intelectuais que condenavam as estruturas de privilégios absolutistas e colonialistas e defendiam a reorganização da sociedade.

O Iluminismo teve início na Inglaterra, mas difundiu-se rapidamente na França, onde Montesquieu (1689-1755) e Voltaire (1694-1778) desenvolveram uma série de críticas à ordem estabelecida.

Antes de 1750, Rousseau era conhecido apenas como músico, mas nessa época ele descobriu o “Iluminismo” e passou a colaborar com o movimento. No mesmo ano, participou do concurso da Academia de Dijon: “As artes e as ciências proporcionam benefícios à humanidade?”, que oferecia um prêmio ao melhor ensaio sobre o assunto.

Rousseau, incentivado por seu amigo Denis Diderot, participou com o trabalho “Discurso Sobre as Ciências e as Artes” que recebeu o primeiro prêmio, além de uma fama polêmica por afirmar em seu ensaio que as ciências, as letras e as artes são os piores inimigos da moral e, como criadoras de novas necessidades tornam-se fonte de escravidão.

Obras e Ideias de Rousseau

Discurso Sobre a Desigualdade (1755)

A contestação da sociedade tal como estava organizada foi o tema desse seu trabalho, onde Rousseau reforçava a teoria já levantada, reafirmando: “O homem é naturalmente bom e é só devido às instituições que ele se torna mau.”

Rousseau não faz objeção à desigualdade natural, originada da idade, saúde e inteligência, mas ataca a desigualdade resultante de privilégios. "Para desfazer o mal, basta abandonar a civilização. Quando alimentado, em paz com a natureza e amigo dos semelhantes, o homem é naturalmente bom."

Julie: ou a Nova Heloísa (1761)

Rousseau fez muito sucesso com o romance Julie: ou a Nova Heloísa, que exalta o direito da paixão, mesmo ilegítima, contra a hipocrisia da sociedade. Exalta as delícias da virtude, o prazer da renúncia, a poesia das montanhas, florestas e lagos. "Só o ambiente campestre pode purificar o amor e libertá-lo da corrupção social."

O livro foi recebido com arrebatamento. A natureza entra na moda desencadeando uma paixão por toda a Europa. É a primeira manifestação do Romantismo.

Contrato Social (1762)

O Contrato Social foi uma de suas obras mais discutidas. Segundo Rousseau, o Contrato Social é uma utopia política, que propõe um estado ideal, resultante de consenso e que garante os direitos de todos os cidadãos. Um plano para a reconstrução das relações sociais da humanidade.

Seu princípio básico se mantém. "Em estado natural, os homens são iguais: os males só surgem depois que certos homens resolvem demarcar pedaços de terra dizendo: essa terra é minha”.

A única esperança de garantir os direitos de cada um está na organização de uma sociedade civil, na qual esses direitos sejam cedidos igualmente à toda comunidade. Isso poderia ser feito por meio de um contrato estabelecido entre os vários membros do grupo.

Tudo isso, não significa que a liberdade do indivíduo seja aniquilada, ao contrário, a sujeição ao Estado tem o efeito de fortalecer a liberdade autêntica. Ao falar em Estado, Rousseau não se refere ao governo, mas a uma organização política que exprima a vontade geral.

"O governo é simplesmente o agente executivo do Estado. Além disso, a comunidade pode estabelecer ou destituir um governo, sempre que o desejar."

Émile ou da Educação (1762)

A obra Émile é uma utopia pedagógica, na qual, em forma de romance, Rousseau imagina o herói como uma criança completamente isolada do meio social, que não recebe nenhuma influência da civilização. Seu professor não tenta ensinar-lhe virtude alguma, mas trata de preservar-lhe a pureza do instinto contra as possíveis insinuações do vício.

Guiado apenas por sua necessidade interior, Émile vai fazendo suas opções e escolhe tudo que realmente precisa. Não descobrirá outra ciência senão aquela que ele próprio quiser, por curiosidade e espírito de iniciativa.

A Perseguição e Morte

O Parlamento de Paris condenou tanto o Contrato Social quanto Émile, que considerou repletos de heresias religiosas. Para o tempo em que a Europa vivia as ideias democráticas de Rousseau eram audaciosas. As edições de Émile foram queimadas em Paris.

Já afastado de Diderot e dos demais filósofos, por não compartilhar de seu raciocínio, Rousseau foi forçado a se exilar na Suíça, pois havia uma ordem de prisão contra ele. Constantemente perseguido, encontrou asilo na Inglaterra, onde o filósofo David Hume o acolheu. No ano seguinte, desentendeu-se com Hume e regressou incógnito à França

Para justificar-se dos ataques a que esteve exposto, Rousseau iniciou suas “Confissões”, publicadas postumamente em 1782. Em 1778, aceitou a acolhida do Marquês de Girardin, em seu domínio em Ermenonville, onde viveu suas últimas semanas, já debilitado mentalmente pela mania de perseguição.

Jean-Jacques Rousseau faleceu em Ermenonville, França, no dia 2 de julho de 1778. Quinze anos mais tarde, seu valor foi reconsiderado. Defensor ardoroso dos princípios de “liberdade, igualdade e fraternidade”, lema da Revolução Francesa, foi visto como “profeta” do movimento. Seus restos mortais foram transportados para o Panteão de Paris.

domingo, 30 de maio de 2021

ACONTECEU EM 30 DE MAIO

Dia do geólogo 



1431 - Durante a Guerra dos Cem Anos, em Ruão, na FrançaJoana d'Arc era é queimada na fogueira aos 19 anos de idade por bruxaria.

1778 - Morria o filósofo, Voltaire.

1911 - Primeira corrida da 500 milhas de Indianápolis.

1922 -  Inauguração do Lincoln Memorial em Washington, D.C.

1967 — Região Oriental da Nigéria declarava independência como a República do Biafra, provocando uma guerra civil.

1968  Charles de Gaulle reaparecia publicamente após seu voo para Baden-Baden, na Alemanha, e dissolvia a Assembleia Nacional Francesa por meio de um apelo por rádio. Imediatamente depois, menos de um milhão de seus partidários marcharam nos Champs-Élysées, em Paris. Este é o ponto de virada dos eventos de maio de 1968 na França.

1988 - A Espanha juntava-se à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

1998   Paquistão realizava um teste nuclear subterrâneo no deserto de Kharan.

2008 — Adotada a Convenção sobre Munições de Dispersão.

2012 — Ex-presidente da Libéria, Charles Taylor, era condenado a 50 anos de prisão por seu papel nas atrocidades cometidas durante a Guerra Civil de Serra Leoa.