sexta-feira, 13 de maio de 2022

LIMA BARRETO

 Lima Barreto é um escritor brasileiro pré-modernista, descendente de escravos, sentiu na pele a exclusão social devido à sua origem, inclusive nos meios acadêmicos. Além do alcoolismo, enfrentou diversos problemas de saúde em sua vida e foi internado em hospício por mais de uma vez.



O escritor Lima Barreto (Afonso Henriques de Lima Barreto) nasceu em 13 de maio de 1881, na cidade do Rio de Janeiro. Era negro e de família pobre. Sua avó materna, Geraldina Leocádia da Conceição, foi uma escrava alforriada. Sua mãe era professora primária e morreu de tuberculose quando Lima Barreto tinha 6 anos. Seu pai era tipógrafo, porém sofria de doença mental.

O autor, no entanto, tinha um padrinho com posses – o Visconde de Ouro Preto (1836-1912) –, o que permitiu que o escritor estudasse no Colégio Pedro II. Depois, ingressou na Escola Politécnica, mas não concluiu o curso de Engenharia, pois precisava trabalhar. Em 1903, fez concurso e foi aprovado para atuar junto à Diretoria do Expediente da Secretaria da Guerra. Assim, concomitantemente ao trabalho como funcionário público, escrevia os seus textos literários.

Em 1905, trabalhou como jornalista no Correio da Manhã. Lançou, em 1907, a revista Floreal. Em 1909, o seu primeiro romance foi editado em Portugal: Recordações do escrivão Isaías Caminha. Já o romance Triste fim de Policarpo Quaresma foi publicado, pela primeira vez, em 1911, no Jornal do Comércio, em forma de folhetim. Em 1914, Lima Barreto foi internado em um hospital psiquiátrico pela primeira vez.

Lima Barreto, que se candidatou três vezes a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, recebeu dela, segundo Francisco de Assis Barbosa (1914-1991), apenas uma menção honrosa em 1921. Morreu em 01 de novembro de 1922.

Características literárias de Lima Barreto

O escritor Lima Barreto está inserido no Pré-modernismo. Fazem parte desse período as obras de autores brasileiros publicadas entre 1902 e 1922. É uma fase de transição entre o Simbolismo e o Modernismo. Portanto, durante esse período, é possível perceber influências de estilos de época anteriores, tais como o Parnasianismo e o Simbolismo (na poesia) e o Naturalismo (na prosa).

Além dessa característica, são perceptíveis elementos de cunho nacionalista, que já preanunciam a estética modernista brasileira. Assim, não há mais a idealização romântica e nota-se um nacionalismo crítico, em que os problemas sociais do Brasil são expostos, em que a crítica política é escancarada. O realismo, nessas obras, é predominante.

As obras de Lima Barreto, portanto, apresentam tais características. Contudo, estão também impressos, em seus textos, elementos que remetem à experiência de vida do autor, marcada pela exclusão e pelo preconceito, devido à sua origem pobre, à sua negritude e aos problemas de saúde que enfrentava.

Assim, seus romances, memórias, crônicas e contos trazem a imagem de um Brasil de início do século XX, a partir da visão bastante crítica de um homem e artista excluído da sociedade e do meio acadêmico. Em romances como Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909) e Clara dos Anjos (1948), a temática do preconceito racial é focalizada, a visão de um país justo e tolerante não se sustenta.

Esses dois romances também fazem crítica à política brasileira, quando, no primeiro, é evidenciado o poder político da imprensa e, no segundo, os poderes estatais são criticados por não se preocuparem em solucionar os problemas do subúrbio. Sua obra, portanto, caracteriza-se pela denúncia das desigualdades sociais, que se mantinham devido aos interesses políticos individuais em prejuízo da coletividade. Assim, o escritor, com ironia, apontava a hipocrisia da sociedade brasileira de sua época.

Outra marca indelével de sua obra reside no ponto de vista afro-identificado, que constitui um lugar de fala solidário ao subalterno e sensível aos dramas dos desvalidos, sejam eles homens ou mulheres. Estas últimas, em especial, recebem um tratamento distinto dos estereótipos dominantes à época, sobretudo no que tange à sexualidade da mulher negra, reduzida em muitos escritos do século XIX a mero objeto do desejo e das fantasias brancas e masculinas — animal erótico desprovido de razão e sentimentos.

Principais obras de Lima Barreto

Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909): romance;

As aventuras do Dr. Bogoloff (1912): romance;

Triste fim de Policarpo Quaresma (1915): romance;

Numa e a ninfa (1915): romance;

Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919): romance;

Histórias e sonhos (1920): contos;

Os bruzundangas (1922): crônicas;

Bagatelas (1923): crônicas;

Clara dos Anjos (1948): romance;

Feiras e mafuás (1953): artigos e crônicas;

Marginália (1953): crônicas;

Coisas do reino do Jambon (1956): sátira e folclore;

Vida urbana (1956): artigos e crônicas;

O subterrâneo do Morro do Castelo (1997): novela;

Diário íntimo (1953): memórias;

O cemitério dos vivos (1956): memórias."

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