quarta-feira, 15 de abril de 2020

MODELO DE FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO

FICHAMENTO– FICHA DESTAQUE

Autor: xxxxxxxx

Obra: WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. NASSETI, Pedro (trad).  Coleção A Obra Prima de Cada Autor. São Paulo: Martin Claret, 2006.

Especificação do referente: Pretendo abordar o assunto: o comportamento religioso influenciando no comportamento dos primeiros tempos de capitalismo.


Destaques do fichamento

“A organização industrial racional, voltada para um mercado regular e não para as oportunidades especulativas de lucro, tanto políticas como irracionais, não é, contudo, a única peculiaridade do capitalismo ocidental. A moderna organização racional das empresas capitalísticas não teria sido possível sem dois outros fatores importantes em seu desenvolvimento: a separação dos negócios da moradia da família, fato que domina completamente a vida econômica e, estritamente ligada a isso, uma contabilidade racional”.  (p. 29).

Comentário

Ao salientar este trecho da obra me reporto aos primeiros tempos do capitalismo, onde as famílias, comparando-se aos antigos feudos medievais, tinham seus pequenos negócios que desenvolviam na própria casa.
Neste sentido, um grande passo foi dado ao se “sair” da moradia para formar o negócio em outro lugar, nasciam, assim, outras expectativas e conseqüentemente, outras posturas iam sendo criadas para viver neste novo tipo de sociedade, sendo que uma delas era a percepção que o negócio da família deveria ser administrado, embora naquela época quase nada existia sobre administração, sendo a intuição e a inspiração divina os aliados dos empreendedores. 

 “O calvinismo, em especial, por onde quer que tenha surgIdo, mostrou essa combinação. Embora de pouca monta no tempo da expansão da Reforma, ele (como qualquer outro ramo do protestantismo) estava associado a certas classes sociais específicas, e é característico  e até atípico que, nas Igrejas dos huguenotes da França, monges de negócios (comerciantes e artesãos) fossem especialmente numerosos entre os fiéis, especialmente no tempo das perseguições”. (p.  42).

Comentário

O calvinismo foi uma das vertentes impulsionadas pela Reforma, sendo que o protestantismo da época, embora pregasse nas tribunas o desapego aos bens materiais, na realidade estava intimamente vinculado ao empreendedorismo do período, tendo em vista que, de acordo com a obra em estudo, muitos dos empreendedores pertenciam à família de clérigos.
Desta feita, fica clara a ligação entre a motivação de um capitalismo, ainda embrionário e ingênuo, comparado ao praticado, atualmente, e a religião.

“A forma de organização era em todos os seus aspectos, capitalistas: as atividades do empreendedor tinham um caráter puramente comercial; o uso do capital investido no negócio era indispensável, e, finalmente, o aspecto objetivo do processo econômico, a contabilidade, era racional. Mas, se considerarmos o espírito que animava o empresário, tratava-se de um negócio tradicionalista: tradicional o modo de vida, tradicional a margem de lucro, tradicional a quantidade de trabalho, tradicional o modo de regular às relações com o trabalho e o essencialmente tradicional, circulo de clientes e modo de atrair novos. Tudo isso dominava a conduta do negócio e, diríamos, estava na base do ethos desse grupo de homens de negócio”. (p.58-59).

Comentário

Esta passagem demonstra o que era comum naquela época e se observarmos bem em alguns lugares até os dias atuais, onde se utilizam instrumentos tecnológicos, no entanto, a forma de conceber o negócio e a maneira de administra-lo ainda está enraizado nos tempos mais antigos, principalmente nas micro empresas familiares.
Logo,  observa-se que o capitalismo no seu início agradou pela possibilidade do crescimento financeiro, porém, num primeiro momento não conseguia despertar a consciência do racional.

“Ao mesmo tempo, devemos nos libertar da idéia de que seja possível reduzir a Reforma a um resultado histórico necessário de certas mudanças econômicas. Incontáveis circunstâncias históricas, que não podem ser atribuídas a qualquer lei econômica nem são suscetíveis de explicação econômica de qualquer espécie, em especial os processos puramente políticos, devem ter contribuído para que as Igrejas recém criadas pudessem ao menos sobreviver”. (p. 75).

Comentário

 Esta passagem retrata um dos momentos que caracteriza a associação das mudanças econômicas alavancadas pelo capitalismo e as novas veias do protestantismo que procuravam sobreviver e que, para tanto precisam de recursos financeiros que eram bem-vindos de atividades comerciais.
Assim, unia-se o ideal religioso com a necessidade de sobreviver, em outras palavras, com a necessidade de se ganhar dinheiro e acumulá-lo, como era a regra desde os primeiros tempos.

“À medida que se foi disseminando a influência da concepção de vida puritana - e isso é, naturalmente, muito mais importante que um simples encorajamento ao acúmulo - ela favoreceu o desenvolvimento da vida econômica racional da burguesia; foi a mais importante e, acima de tudo, a única influência consistente para o desenvolvimento desse tipo de vida. Foi, diríamos, o berço do homem econômico moderno. Na verdade, esses ideais puritanos tendiam a ser transigidos devido à pressão excessiva das tentações da riqueza, como os próprios puritanos sabiam muito bem”.  (p. 130).

Comentário

Este trecho deixa clara a mentalidade burguesa da época, onde o homem deveria ser “contido”, temente a Deus para que pudesse fazer riqueza e acumulá-la em benefício de suas gerações futuras.

No entanto, é preciso destacar que o comportamento puritano utilizado no texto, a meu ver, está ligado, a não ostentação da riqueza, uma vez que a soberba é um dos pecados capitais e, por conseguinte, contraria a vontade de deus, lembrando ser a religião a mola mestra que impulsionava o homem médio (burguês) da época.

“Surgiu uma ética econômica especificamente burguesa. Com a consciência de estar na plenitude da graça de Deus e visivelmente por Ele abençoado, o empreendedor burguês, desde que permanecesse dentro dos limites da correção formal, que sua conduta moral estivesse intacta e que não fosse questionável o uso que fazia da riqueza, poderia perseguir seus interesses pecuniários o quanto quisesse, e com isso sentir que estava cumprindo um dever. Ademais, o poder do ascetismo religioso punha-lhe à disposição trabalhadores sóbrios, conscienciosos e extraordinariamente ativos, que agarravam ao seu trabalho como a um propósito de vida desejado por Deus”. (p. 132).

Comentário

Finalizando estes apontamentos, observa-se que neste trecho da obra em estudo o pensamento econômico de uma burguesia nascente é entremeada pela vontade de enriquecer e o temor a um deus que castiga aqueles que se arriscam a ganhar dinheiro de uma forma mais aberta e ostensiva.

Desta maneira, observa-se que o homem médio do início do capitalismo não tinha limites para buscar sua riqueza, todavia não deveria se esquecer dos rituais (principalmente aqueles que toda a sociedade via) religiosos que elevavam seu interior e o tornavam merecedor da fortuna que ganhava.

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