domingo, 1 de maio de 2022

JOSÉ DE ALENCAR

 José de Alencar é considerado um dos mais importantes escritores brasileiros. Um dos principais representantes do Romantismo, movimento artístico-literário que vigorou no Brasil no século XIX, o autor de O Guarani construiu personagens marcantes que ainda povoam o imaginário nacional, como Peri e Iracema, além de que consolidou a produção do gênero romance, escrevendo-o nos estilos indianista, urbano e regional.



O escritor José Martiniano de Alencar nasceu em 1º de maio de 1829, em Messejana (atual bairro de Fortaleza, Ceará). Ainda criança, mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro, então capital do país, para acompanhar o pai, José Martiniano de Alencar, eleito senador pelo Estado cearense. Em 1844 mudou-se para São Paulo, onde cursou Direito (com exceção do 3º ano, o qual cursou na Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco), permanecendo na capital paulista até 1850.

Após formado, regressou para o Rio de Janeiro, onde atuou como advogado e como jornalista no Correio Mercantil, no Jornal do Comércio e no Diário do Rio de Janeiro, instituição em que foi nomeado redator-chefe em 1855. Essa participação na imprensa possibilitou-lhe a publicação de folhetins, muitos dos quais foram posteriormente publicados sob a forma de livro.

Há que se ressaltar que, além dessa atividade jornalística, José de Alencar também atuou, assim como o pai, no meio político. Filiado ao Partido Conservador, elegeu-se para mais de um mandato de deputado pelo Estado do Ceará, e, de 1868 a 1870, ocupou o cargo executivo de ministro da Justiça.

No meio literário, seu reconhecimento deu-se a partir da publicação, em 1856, das Cartas sobre A Confederação dos Tamoios, no Diário do Rio de Janeiro, nas quais criticava o poema épico A Confederação dos Tamoios (1856), obra do escritor Domingos Gonçalves de Magalhães, considerado o introdutor do Romantismo no Brasil. Faleceu, vítima de tuberculose, na cidade do Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1877, aos 48 anos de idade.


Características das obras de José de Alencar

A vasta produção literária de José de Alencar, a qual é constituída por romances indianistas, urbanos e regionalistas, além de crônicas, críticas literárias e peças teatrais, tem como característica geral a tentativa de construção de uma cultura genuinamente brasileira, desvinculada, portanto, das características estéticas que vigoravam em Portugal.

Esse projeto de construção de uma identidade cultural brasileira era a principal bandeira do Romantismo, e José de Alencar foi seu principal entusiasta. Ele procurou, assim, em suas narrativas, principalmente nas indianistas, retratar, em uma linguagem mais próxima possível do português falado no país, temáticas intimamente ligadas ao Brasil, como a questão indígena, presente em obras como Iracema (1865), O Guarani (1857) e Ubirajara (1874).

Além dos romances de temática indígena, a tentativa de construção de uma produção literária, voltada à temática nacional e à reprodução da língua portuguesa brasileira, deu-se também por meio de romances ligados à temática rural e interiorana, como se nota em O gaúcho (1870), em Til (1871), em O tronco do ipê (1871) e em O sertanejo (1875).

 A temática histórica também não foi negligenciada, e, assim, no plano ficcional, passagens da história do Brasil, como as ligadas à colonização exploratória, foram transpostas para obras como As minas de prata (volume 1 e 2, respectivamente publicados em 1865 e 1866) e Guerra dos mascates (volume 1 e 2, respectivamente publicados em 1871 e 1873).

O meio urbano não teve menos destaque, sendo cenário de romances como Lucíola (1862), Diva (1864) e Senhora (1875). Nessas obras, a sociedade burguesa carioca do Segundo Reinado (1840-1889) é o cenário de enredos que têm como protagonistas fortes mulheres.

 Essa pluralidade de obras, com temáticas e cenários variados, cumpriu um propósito estético e político de consolidação de uma literatura genuinamente brasileira, porém, há que se ressaltar que o teor idealista, também característica do Romantismo, permeou essas e outras obras de José de Alencar. Não obstante, elas são, sem dúvida, essenciais para a compreensão da literatura brasileira e constituem a base do romance moderno e contemporâneo.


Principais obras de José de Alencar

José de Alencar publicou uma extensa obra, segmentada em gêneros e temáticas variadas, o que confirma sua tentativa de consolidar uma literatura genuinamente brasileira, propósito principal do romantismo. Veja quais são elas:

→ Teatro

Verso e reverso (1857)

O crédito (1857)

O demônio familiar (1857)

As asas de um anjo (1858)

Mãe (1860)

A expiação (1867)

O jesuíta (1875)

→ Romances

Cinco minutos (1856)

A viuvinha (1857)

O guarani (1857)

Lucíola (1862)

Diva (1864)

Iracema (1865)

As minas de prata - 1º vol. (1865)

As minas de prata - 2º vol. (1866)

O gaúcho (1870)

A pata da gazela (1870)

O tronco do ipê (1871)

Guerra dos mascates - 1º vol. (1871)

Til (1871)

Sonhos d'ouro (1872)

Alfarrábios (1873)

Guerra dos mascates - 2º vol. (1873)

Ubirajara (1874)

O sertanejo (1875)

Senhora (1875)

Encarnação (1893)

→ Crônica

Ao correr da pena (1874)

Ao correr da pena (folhetins inéditos) (2017) - organizado por Wilton José Marques

→ Críticas

Cartas sobre A Confederação dos Tamoios (1865)

Ao imperador: cartas políticas de Erasmo e Novas cartas políticas de Erasmo (1865)

Ao povo: cartas políticas de Erasmo (1866)

O sistema representativo (1866)

→ Autobiografia

Como e por que sou romancista (1893)"

Em 1897, quando a Academia Brasileira de Letras foi fundada pelo escritor Machado de Assis, José de Alencar já havia falecido. Para homenageá-lo, o autor de Dom Casmurro escolheu-o como patrono da cadeira 23, ou seja, seu primeiro ocupante, mesmo que em memória. Posteriormente, outras honrarias foram concedidas a José de Alencar.

Ainda em 1897, na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Flamengo, foi inaugurada sua estátua no então Largo do Catete, rebatizado como praça José de Alencar. Em Fortaleza, capital do Ceará, Estado em que o escritor nasceu, foi inaugurado, em 1910, o Theatro José de Alencar. Ainda na capital cearense, há, em homenagem ao autor de Iracema, a Praça José de Alencar e a estação José de Alencar da linha sul do metrô. No interior de seu estado natal, seu nome batiza um distrito do município de Iguatu."

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