Gilberto Freyre foi um sociólogo, historiador e ensaísta brasileiro. Autor de "Casa Grande & Senzala" que é considerada, uma das obras mais representativa sobre a formação da sociedade brasileira. Recebeu o Prêmio Internacional La Madonnina, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, o Grã-cruz de Santiago de Compostela, entre outros.
Gilberto de Mello Freyre nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 15 de março de 1900. Filho do professor Alfredo Freyre e de Francisca de Mello Freyre. Teve como professor particular o inglês Williams. Com o pai, aprendeu latim e português. Estudou no Colégio Americano Batista, no Recife, onde se bacharelou em Letras, sendo o orador da turma.
Aos 17 anos, Gilberto Freire foi para os Estados Unidos como bolsista, fixando-se no Texas, onde estudou Artes Liberais, com especialização em Ciências Políticas e Sociais na Universidade de Baylor.
Gilberto Freyre fez sua pós-graduação, na Universidade de Colúmbia, Nova Iorque, obtendo o grau de Mestre em Artes. Sua dissertação de mestrado versou sobre a "Vida Social no Brasil em Meados do século XIX", orientado pelo antropólogo Franz Boas, radicado nos Estados Unidos, de quem recebeu grande influência intelectual.
No período que ficou no exterior, Gilberto Freyre escreveu artigos para o jornal Diário de Pernambuco, sobre livros e temas diversos. O hábito de escrever em jornais perdurou pela vida toda.
De volta ao Recife, se integrou à sociedade local, despertando grande interesse pelos problemas regionais. Organizou para o Diário de Pernambuco, o "Livro do Nordeste", com a colaboração de diversas personalidades, com textos de história, literatura, artes e tradições regionais.
Em 1926, no governo de Estácio Coimbra, Gilberto Freyre foi nomeado secretário particular e encarregado do jornal oficioso “A Província”.
Começou a lecionar Sociologia, na Escola Normal de Pernambuco. Pela primeira vez se ministrava regularmente essa disciplina em uma escola no Brasil.
Com a Revolução de 30, acompanhou o governador ao exílio, em Portugal, e depois viajou pela Europa e Estados Unidos, ministrando aulas, como professor visitante, em diversas universidades.
De volta ao Recife, foi convidado pelo reitor da Universidade do Distrito Federal, o educador baiano Anísio Teixeira, para lecionar Sociologia. Tornou-se também técnico do serviço do Patrimônio Histórico Nacional.
Entre 1933 e 1937 escreveu três livros voltados para o problema da formação da sociedade patriarcal no Brasil: Casa Grande & Senzala, Sobrados e Mocambos e Nordeste, nesse último, desenvolveu teses geográficas, sendo considerado o pioneiro da ecologia.
Na década de 40, Gilberto entrou em confronto com o Governador Agamenon Magalhães, então interventor Federal, em Pernambuco, lançando campanha aberta contra o Estado Novo, chegando a ser preso pela polícia da ditadura de Getúlio Vargas.
Nas eleições de 2 de dezembro de 1945, foi eleito deputado federal por Pernambuco. Participou da elaboração da Constituição de 1946. Nela atuou nos setores ligados à ordem social e à cultura, tendo depois reunido seus discursos no livro "Quase Política".
Fundação Joaquim Nabuco
Após a elaboração da Constituição, Gilberto Freire permaneceu na Câmara e apresentou o projeto de lei para a criação do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, órgão que deveria se dedicar ao estudo e à realização de pesquisas sobre as condições de vida do trabalhador rural do Nordeste. Esse Instituto foi depois transformado na "Fundação Joaquim Nabuco".
Não conseguiu se reeleger e em 1949 e voltou para o Recife para sua casa no bairro de Apipucos, (hoje Fundação Gilberto Freire
Gilberto Freire continuou a pesquisar, escrever e participar de seminários. Realizou frequentes viagens a outros Estados e ao exterior a convite de diversas instituições. Sua viagem à Índia e à África Portuguesa, resultou no livro Aventura e Rotina.
Casa Grande e Senzala
O livro Casa Grande & Senzala (1933) é a obra mais conhecida de Gilberto Freyre, nela, o sociólogo e escritor, focou a questão da miscigenação racial durante o período colonial brasileiro e ousou em explicar a formação social brasileira através da vida nos engenhos, cultivando uma visão romantizada sobre as relações entre os colonizadores e os colonizados.
Do ponto de vista arquitetônico, Freyre apontou os engenhos e toda a estrutura física que o cercava (casa grande, senzala, casa de moer e capela) como uma importante fonte de informação sobre a sociedade rural daquela época. O livro explica a organização e funcionamento interno e a hierarquização dos cômodos.
A obra de Gilberto Freyre contrariou muitos interesses da época, porque se opunha à ideia da superioridade racial do branco, tese muito aceita por sociólogos e pensadores de direita. A obra foi estigmatizada e marginalizada. Com o tempo, foi derrubando os preconceitos que a cercavam e reafirmando sua importância para a história do Brasil.
Prêmios e honrarias
- Prêmio de Excelência Literária da Academia Paulista de Letras, 1961
- Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras (conjunto da obra), 1962
- Prêmio Aspen, do Instituto Aspen, USA, 1967
- Grã-Cruz da Orde Militar de Cristo de Portugal, 1967
- Prêmio Internacional La Madonnina, Itália, 1969
- Cavaleiro-Comendador da Ordem do Império Britânico, conferido pela Rainha da Inglaterra, 1971
- Medalha Joaquim Nabuco, Assembleia Legislativa de Pernambuco, 1972
- Grã-Cruz da Ordem do Mérito dos Guararapes do Estado de Pernambuco, 1978
- Grã-Cruz de D. Afonso, El Sábio, Espanha, 1983\
- Grã-Cruz da Ordem do Mérioto Capibaribe da Cidade do Recife, 1985
- Grnde-Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra, França, 2008
Gilberto Freire foi casado com Madalena Freyre (1941-1987) com quem teve dois filhos: Fernando Freyre e Sônia Freyre.
Gilberto Freyre faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 18 de julho de 1987.
Curiosidade
Em obras fundamentais para a sociologia e a antropologia brasileiras como Casa Grande & Senzala e Sobrados e Mucambos, Gilberto freire descreve em detalhes o papel da comida na sociedade da época, como o preparo de uma compota de cajú ou a decoração do papel do tabuleiro de doces.
No livro Açúcar, que o próprio autor declarou ser uma se suas principais obras, o escritor ensina a preparar doces segundo o que aprendeu nos livros de receitas das avós de seu tempo.
Apesar de preocupado com o registro de pequemos tesouros privados, Freyre não deixou para a posteridade a receita do seu famoso conhaque de pitanga, que encantou seus ilustres convidados no Solar de Apipucos como o político Robert Kennedy e o escritor John dos Passos.
Obras de Gilberto Freyre
- Casa Grande & Senzala, 1933
- Guia Prático, Heroico e Sentimental da Cidade do Recife, 1934
- Sobrados e Mucambos, 1936
- Nordeste: Aspectos da Influência da Cana, 1937
- Açúcar, 1939
- Olinda, 1939
- O Mundo Que o Português Criou, 1940
- A história de Um Engenho Francês no Brasil, 1941
- Problemas Brasileiros de Antropologia, 1943
- Sociologia, 1945
- Interpretação do Brasil, 1947
- Ingleses no Brasil, 1948
- Aventura e Rotina, 1953
- Ordem e Progresso, 1957
- O Recife Sim, Recife Não, 1960
- Os Escravos nos Anúncios de Jornais Brasileiros do séc. XIX, 1963
- Vida Social no Brasil nos Meados do séc. XIX, 1964
- Brasis, Brasil, e Brasília, 1968
- O Brasileiro Entre os Outros Hispanos, 1975
- Homens, Engenharias e Rumos Sociais, 1987
Nenhum comentário:
Postar um comentário