segunda-feira, 19 de agosto de 2019

JOAQUIM NABUCO

Joaquim Nabuco foi um político, diplomata, advogado e historiador brasileiro. Foi o mais importante e o mais popular dos abolicionistas. Foi nomeado para a cadeira nº. 27 da Academia Brasileira de Letras.

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu no sobrado 119 da Rua da Imperatriz, no Recife, Pernambuco, no dia 19 de agosto de 1849. Filho de José Tomás Nabuco de Araújo, juiz criminal no Recife, que acabara de ser eleito deputado ao Parlamento Imperial, e de Ana Benigna de Sá Barreto.

Para assumir o cargo, seu pai mudou-se para o Rio de Janeiro, junto com sua esposa, e Joaquim viveu seus primeiros oito anos com os padrinhos no Engenho Massangana, no município do Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. Aprendeu as primeiras letras com um professor particular que vinha do Recife.

Em 1857, após a morte de sua madrinha, Joaquim foi para o Rio de Janeiro. Estudou no Colégio de Friburgo. Em 1860, ingressou no Colégio Pedro II, onde permaneceu até 1865, sempre com excelentes notas em todas as matérias. Nessa época, publicou sua primeira poesia, a ode “O Gigante da Polônia”, dedicada a seu pai, que recebeu um comentário de Machado de Assis, que reconhecia o valor do poeta.

Em 1866, Joaquim Nabuco foi para São Paulo e ingressou na Faculdade de Direito, que era um dos principais centros liberais e abolicionistas do Brasil Imperial. Passou a conviver com jovens que marcariam a história do país, como Rodrigues Alves e Afonso Pena, mais tarde presidentes da República.
Aos 18 anos, Joaquim Nabuco fundou “A Tribuna Liberal”. Nessa mesma época, elegeu-se presidente da associação estudantil Ateneu Paulistano. Em 1869, transferiu-se para a Faculdade de Direito, do Recife, onde colou grau em 1870. Nessa época, defendeu um escravo que, embora condenado à prisão perpétua, escapou da pena de morte.
Em 1876, Joaquim Nabuco contou com o apoio do pai e ingressou na carreira diplomática como adido em Washington, e depois foi transferido para Londres. Em 1878, com a morte do pai, voltou ao Rio de Janeiro e trocou a vida diplomática pela advocacia. Em 1878, com a volta dos liberais ao poder, Joaquim Nabuco candidatou-se à Câmara, sendo eleito Deputado Geral da Província.

Na luta pela abolição, Joaquim Nabuco não se encontrava sozinho na Câmara. Em 1880, transformou sua casa, na praia do Flamengo, em uma Sociedade Contra a Escravidão.  Em 1985 era promulgada a Lei dos Sexagenários.

Em 1887, Nabuco voltou à Câmara, eleito deputado por Pernambuco. Em discurso na Câmara condenou a utilização do Exército na perseguição dos escravos fujões.
No dia 10 de março de 1888, caiu o gabinete do conservador Barão de Cotegipe e assumiu João Alfredo, que tinha a missão de propor a abolição, contando, inclusive com os desejos da princesa Isabel. Lutando pelo projeto abolicionista, Nabuco encaminhou as medidas de urgência, até que no dia 13 de maio a Lei Áurea foi assinada.

Nos últimos anos de sua atividade parlamentar, Joaquim Nabuco fez um discurso profético: “O honrado presidente do Conselho, Visconde de Ouro Preto, deve inspirar-se em seu patriotismo para que o seu Ministério não possa ser, em caso algum, o último da monarquia”. Alguns dias depois, a 15 de novembro, proclamava-se a República do Brasil.

Nabuco recebeu a notícia em sua casa na ilha de Paquetá, para onde se mudara ao casar-se, em 23 de abril de 1889, com Evelina Torres Soares Ribeiro, com quem teve cinco filhos. Nos primeiros anos da República, tentou, através do Jornal do Brasil, debater ideias políticas e criticar o novo regime.

Joaquim Nabuco dedicou-se à vida literária. Escreveu “Minha Formação” e trabalhou na biografia de seu pai “Um Estadista do Império”, considerada uma das maiores obras sobre a história do período imperial. Sua principal obra foi "O Abolicionismo", publicado em 1883, no qual desenvolveu uma análise da influência da escravidão na sociedade brasileira. A obra chamou a atenção para a inexistência de um verdadeiro liberalismo no Brasil e para a necessidade de se resolver o problema da profunda divisão social originária da escravidão.

Em 1899, Joaquim Nabuco foi convidado para chefiar a delegação brasileira em Londres e, em nome do presidente da República, Campos Sales, para defender perante a coroa britânica a causa dos limites entre o Brasil e a Guiana Inglesa.

Em 1905, foi nomeado o primeiro embaixador brasileiro em Washington, onde proferiu várias conferências, nas universidades, sobre a cultura brasileira. Tornou-se amigo pessoal do presidente Theodore Roosevelt. Em 1906, voltou ao Rio de Janeiro, para presidir a III Conferência Pan-Americana, em companhia do Secretário de Estado norte-americano Elihu Root.

Em 1906, de volta ao Brasil, Joaquim Nabuco foi recebido festivamente. No Recife, sua passagem foi uma consagração popular, No Teatro Santa Isabel, onde tantas vezes falara, repleto para recebê-lo, pronunciou a frase que hoje figura inscrita em pedra, numa das paredes da plateia: “Aqui nós ganhamos a causa da Abolição”.

Joaquim Nabuco voltou para os Estados Unidos, onde reassumiu seu posto de embaixador. Embora doente, surdo e com problemas no coração, lutou pela ideia pan-americana, na embaixada, nas conferências e nas universidades.

Joaquim Nabuco faleceu em Washington, Estados Unidos, no dia 17 de janeiro de 1910. Seu corpo foi transportado para o Brasil e levado para o Recife, onde foi enterrado. Em 1949 foi criada a Fundação Joaquim Nabuco, com o objetivo de preservar o legado histórico do grande abolicionista. O Engenho Massangana, onde Nabuco viveu entre 1849 e 1857, é hoje um museu, com a casa grande, as senzalas e a igrejinha de São Mateus, onde Joaquim Nabuco foi batizado.

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