Carolina Maria de Jesus foi um a autora brasileira, considerada uma das primeiras e mais destacadas escritoras negras do País. Ela é autora do livro best seller autobiográfico “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”.
Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, no interior de Minas Gerais, no dia 14 de março de 1914. Neta de escravos e filha de uma lavadeira analfabeta, Carolina cresceu em uma família com mais sete irmãos. A jovem recebeu o incentivo e a ajuda de Maria Leite Monteiro de Barros – uma das freguesas de sua mãe – para frequentar a escola. Com sete anos, ingressou no colégio Alan Kardec, onde cursou a primeira e a segunda série do ensino fundamental.
Apesar de pouco tempo na escola, Carolina logo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita. Em 1924, em busca de oportunidades, sua família mudou-se para Lageado, onde trabalharam como lavradores em uma fazenda. Em 1927, retornaram para Sacramento.
Em 1930 a família foi morar em Franca, São Paulo, onde Carolina trabalhou como lavradora e, em seguida, como empregada doméstica. Com 23 anos, perdeu a sua mãe e foi para a capital onde empregou-se como faxineira na Santa Casa e, mais tarde, como empregada doméstica.
Em 1948 mudou-se para a favela do Canindé. Nos anos seguintes, Carolina foi mãe de três filhos, todos de relacionamentos diferentes.
Carolina e a literatura
Morando em uma favela, durante a noite trabalhou como catadora de papel. Lia tudo que recolhe e guardava as revistas que encontrava. Estava sempre escrevendo o seu dia a dia. Em 1941, sonhando em ser escritora, foi até a redação do jornal Folha da Manhã com um poema que escreveu em louvor a Getúlio Vargas. No dia 24 de fevereiro, o seu poema e a sua foto foram publicados no jornal.
Carolina continuou levando regularmente os seus poemas para a redação do jornal. Por esse motivo acabou sendo apelidada de “A Poetisa Negra” e era cada vez mais admirada pelos leitores.
Em 1958, o repórter do jornal Folha da Noite, Audálio Dantas, foi designado para fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé e, por acaso, uma das casas visitadas foi a de Carolina Maria de Jesus. Carolina lhe mostrou o seu diário, surpreendendo o repórter. Audálio ficou maravilhado com a história daquela mulher.
Em 19 de maio de 1958. Audálio publicou parte do texto, que recebeu vários elogios. Em 1959, a revista O Cruzeiro também publicou alguns trechos do diário.Somente em 1960 foi finalmente publicado o livro autobiográfico “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, com edição de Audálio Dantas. Com uma tiragem de dez mil exemplares, só durante a noite de autógrafos foram vendidos 600 livros.
Com o sucesso das vendas, Carolina deixou a favela e pouco depois comprou uma casa no Alto de Santana. Recebeu homenagem da Academia Paulista de Letras e da Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo.
Em 1961, a autora viajou para a Argentina onde foi agraciada com a “Orden Caballero Del Tornillo”.
Nos anos seguintes, Carolina publicou:
- “Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada” (1961);
- “Pedaços da Fome” (1963);
- “Provérbios” (1965).
Apesar de ter um livro transformado em best seller, Carolina não se beneficiou com o sucesso e não demorou muito para voltar à condição de catadora de papel.
Em 1969, mudou-se com os filhos para um sítio no bairro de Parelheiros, em São Paulo, época em que foi praticamente esquecida pelo mercado editorial.
Carolina Maria de Jesus faleceu em São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1977.
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