quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

João Cabral de Melo Neto foi um poeta e diplomata brasileiro. Autor de “Morte e Vida Severina”, poema dramático que o consagrou.Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Recebeu o Prêmio da Poesia, do Instituto Nacional do Livro, o Prêmio Jabuti da Academia Brasileira do Livro e o Prêmio da União Brasileira de Escritores, pelo livro “Crime na Calle Relator”.

João Cabral de Melo Neto nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 9 de janeiro de 1920. Filho de Luís Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro Leão Cabral de Melo, irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freire.
Passou sua infância entre os engenhos da família nas cidades de São Loureço da Mata e Moreno. Estudou no Colégio Marista, no Recife. Amante da leitura lia tudo o que tinha acesso, no colégio e na casa da avó.
Em 1941, João Cabral participou do Primeiro Congresso de Poesia do Recife, lendo o opúsculo "Considerações sobre o Poeta Dormindo". Em 1942 publicou sua primeira coletânea de poemas, com o livro Pedra do Sono.
Depois de se tornar amigo do poeta Joaquim Cardoso e do pintor Vicente do Rego Monteiro, mudou-se para o Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, prestou concurso para o funcionalismo público.
Durante os anos de 1943 e 1944, trabalhou no Departamento de Arregimentação e Seleção de Pessoal do Rio de Janeiro. Em 1945 publicou seu segundo livro O Engenheiro, custeado pelo empresário e poeta Augusto Frederico Schmidt.
Realizou seu segundo concurso público, e em 1947 ingressou na carreira diplomática passando a viver em várias cidades do mundo, como Barcelona, Londres, Sevilha, Marselha, Genebra, Berna, Assunção, Dacar e outras.
Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, para a cadeira n.º 37, tomando posse em 6 de maio de 1969.

JOÃO CABRAL DE MELO NETO FOI CASADO COM STELLA MARIA BARBOSA DE OLIVEIRA, COM QUEM TEVE CINCO FILHOS. CASOU PELA SEGUNDA VEZ COM A POETISA MARLY DE OLIVEIRA. EM 1992, COMEÇOU A SOFRER DE CEGUEIRA PROGRESSIVA, DOENÇA QUE O LEVOU À DEPRESSÃO.

João Cabral de Melo Neto faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de outubro de 1999, vítima de ataque cardíaco.

FASES E CARACTERÍSTICAS DA POESIA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO

Cronologicamente, João Cabral situa-se entre os poetas da "Geração de 45", mas trilhou caminhos próprios. Seus primeiros livros apresentam uma poesia hermética, ou seja, de difícil compreensão.
Em Pedra do Sono (1942), sua obra inaugural, apresenta uma inclinação para a objetividade, embora predomine aspectos surrealistas.
Em seguida, João Cabral introduz em seus versos o rigor semântico, que mostra a luta do poeta com a estética da poesia para encontrar a expressão exata e precisa.
A partir de Cão Sem Plumas (1950) João Cabral passa a abordar temas sociais. Os livros O Rio (1954) e Duas Águas (1956) (onde aparece Morte e Vida Severina) revelam motivos regionais.
Morte e Vida Severina, obra mais popular de João Cabral, é um auto de Natal do folclore pernambucano. Nesse trecho, o retirante explica quem é e a que vai:

MORTE E VIDA SEVERINA

O meu nome é Severino,

não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
Como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias. (...)
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia.

Numa terceira etapa, João Cabral desvencilha o poema de todo e qualquer artifício, sua poesia é desenvolvida mediante a preocupação com os aspectos formais da poesia.
Nesse período aparecem obras-primas: Uma Faca só Lâmina, Terceira Feira e A Educação Pela Pedra.

OBRAS DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO

  • Pedra do Sono, 1942
  • O Engenheiro, 1945
  • Psicologia da Composição, 1947
  • O Cão Sem Plumas, 1950
  • O Rio, 1954
  • Morte e Vida Severina, 1956
  • Paisagens com Figuras, 1956
  • Uma Faca Só Lâmina, 1956
  • Quaderna, 1960
  • Dois Parlamentos, 1960
  • Terceira Feira, 1961
  • Poemas Escolhidos, 1963
  • A Educação Pela Pedra, 1966
  • Museu de Tudo, 1975
  • A Escola das Facas, 1980
  • Poesia Crítica, 1982
  • Auto do Frade, 1984
  • Agrestes, 1985
  • O Crime na Calle Relator, 1987
  • Sevilha Andando, 1989

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