Sócrates, na Antiguidade, afirmava que a Educação era um
processo contínuo e gradativo, onde o conhecimento e a consciência crítica
devem ser priorizados, o que demonstra que desde aquela época já se percebia o
conhecimento como algo a ser construído.
Ao
considerar a leitura observa-se que não há uma marca, um tempo, ou um período
exato para que ela comece a ser percebida e, sobretudo sentida pela criança, o
que suscita que ela, mesmo ainda não sendo alfabetizada, pode construir, por
meio de vivências proporcionadas pela contação de história, pela manipulação de
livros ou mesmo pela dramatização, o conhecimento.
O
próprio Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) salienta
a relevância das crianças manipularem diversas formas de texto (livros,
jornais, cartazes, revistas, gibis), já que por meio da observação de
diferentes produções escritas elas irão conhecendo as variadas formas de
linguagem (BRASIL, 1998).
De acordo com Pinho (2009),
as atividades lúdicas são importantes e bastante usadas no processo de ensino e
aprendizagem na Educação Infantil, principalmente com as crianças de até 5
anos, pois propiciam a interação social entre elas e contribuem, principalmente
para o desenvolvimento da imaginação, da criatividade e do raciocínio.
Sob esta perspectiva, Coelho (2000, p. 34) explica:
Predomínio
absoluto da imagem (gravuras, ilustrações, desenhos, etc.), sem texto escrito
ou com textos brevíssimos, que podem ser lidos ou dramatizados pelo adulto, a
fim de que a criança comece a perceber a interrelação entre o mundo real que a
cerca e o mundo da palavra que nomeia esse real. É a nomeação das coisas que
leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a realidade
circundante.
No estudo realizado por Rodrigues (2015) constatou-se que o
contato de crianças da Educação Infantil com os livros é uma forma de iniciação
a leitura e uma fonte de prazer e enriquecimento. Dentre as ferramentas usadas
para o incentivo da leitura, a autora usou a contação de histórias e salientou
a necessidade dos educadores variarem as histórias, com o fim de ampliar o
imaginário da criança.
Corroborando com esta visão, Ramos (2011, p. 28) afirma que
“enquanto o contador liberta as palavras presas no texto, o ouvinte, leitor
indireto do texto narrado, vai criando e interpretando os desenhos,
adentrando-se em um mundo mágico e tornando-se coautor da história”. Deste
modo, percebe-se que a contação de história pode estimular a imaginação e a
criatividade da criança, fatores de suma importância para o desenvolvimento
cognitivo e, por conseguinte, para a facilitação do desenvolvimento do processo
de ensino e aprendizagem.
A escolha do livro ou da história a ser contada ou
dramatizada deve ser simples e conter aspectos do cotidiano da criança, com as
suas necessidades e expectativas. Além disso, deve motivar a criança a
desenvolver o seu imaginário, bem como as suas emoções.
Miranda (2010) defende que a criança aprende com mais
facilidade quando se sente competente, sendo que essa competência pode ser
ativada por meio de práticas pedagógicas adequadas. Segundo a autora:
O
prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos,
pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos
encarada como obrigação. Para que isto possa ser mais bem desenvolvido, o
professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no
desenrolar das atividades em sala de aula (MIRANDA, 2010, p. 3).
Neste sentido, o
desenvolvimento de atividades de incentivo a leitura ainda na Educação Infantil
podem preparar a criança para um processo de ensino e aprendizagem mais
prazeroso, mais motivador, tendo em vista que a criança
já foi apresentada a leitura de uma maneira “leve”, sem cobranças.
Entretanto, Rodrigues
(2015, p. 247) observou no seu estudo que, “muitas vezes a leitura feita pelos
educadores é uma tarefa rotineira com comportamentos tradicionais, as crianças
não têm um estímulo prazeroso, os educadores não têm sensibilidade para contar
a história com emoção e despertar a curiosidade e o prazer pela leitura”. Logo, é necessário refletir sobre o papel do
professor da Educação Infantil como incentivador da leitura, considerando-se
que esse deve desenvolver esta atividade com sensibilidade e criatividade para
que ela seja prazerosa e, por conseguinte motivadora.
A
dramatização de pequenas histórias também é uma técnica que pode ser usada para
motivar a leitura na Educação Infantil. Para Brito (2005, p. 31), “a
dramatização em sala de aula valoriza cada aluno, bem como a imaginação e a
participação no coletivo”. Deste modo, percebe-se que esta técnica também
incentiva e promove a interação social, aspecto bastante valorizado pelos
estudiosos da Pedagogia Moderna, como sendo um dos facilitadores para a
efetivação do processo de ensino e aprendizagem.
Portanto, para leitura
ser uma atividade prazerosa para a criança e facilitadora para o
processo de ensino e aprendizagem o professor da Educação Infantil deve adotar a
postura de motivador, de incentivador, suas práticas e procedimentos devem ser
pesquisados e selecionados de modo a tornar a leitura interessante. Sob esta
perspectiva, o educador precisa estar consciente do seu papel e
da sua importância nessa fase da criança. É necessário que ele sinta-se
comprometido, responsável pela motivação e pelo desenvolvimento integral da
criança.
Silvia Laura Abrahão
REFERÊNCIA
BRASIL.
Referencial
Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI). Ministério da Educação e do Desporto. Brasília, 1998.
BRITO. O. R. Dinâmica de grupo, aprendizagem e arte: construções da educação.
Fortaleza. 50fl. Monografia (Especialização em Dinâmica de Grupo) - Faculdade
de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio, 2005.
COELHO, N. N. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna,
2000.
MIRANDA, E. D. S. A influência da
relação professor-aluno para o processo de ensino aprendizagem no contexto
afetividade. 8° Encontro de Iniciação
Científica. 2008.
PINHO, R. O lúdico no processo de
aprendizagem. Webartigos, 2009.
RAMOS,
A. C. Contação de história: um
caminho para formação de autores. Londrina. 136fl. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Universidade Estadual de Londrina, 2011.
RODRIGUES, S. M. A prática de
leitura na educação infantil como incentivo na formação de futuros leitores. Revista Eventos Pedagógicos, v. 6, n.
2, e. 15, p. 241-249, jun./jul. 2015.
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