segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

INCENTIVO À LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Sócrates, na Antiguidade, afirmava que a Educação era um processo contínuo e gradativo, onde o conhecimento e a consciência crítica devem ser priorizados, o que demonstra que desde aquela época já se percebia o conhecimento como algo a ser construído.

Ao considerar a leitura observa-se que não há uma marca, um tempo, ou um período exato para que ela comece a ser percebida e, sobretudo sentida pela criança, o que suscita que ela, mesmo ainda não sendo alfabetizada, pode construir, por meio de vivências proporcionadas pela contação de história, pela manipulação de livros ou mesmo pela dramatização, o conhecimento.
O próprio Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) salienta a relevância das crianças manipularem diversas formas de texto (livros, jornais, cartazes, revistas, gibis), já que por meio da observação de diferentes produções escritas elas irão conhecendo as variadas formas de linguagem (BRASIL, 1998).
De acordo com Pinho (2009), as atividades lúdicas são importantes e bastante usadas no processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil, principalmente com as crianças de até 5 anos, pois propiciam a interação social entre elas e contribuem, principalmente para o desenvolvimento da imaginação, da criatividade e do raciocínio.
Sob esta perspectiva, Coelho (2000, p. 34) explica:

Predomínio absoluto da imagem (gravuras, ilustrações, desenhos, etc.), sem texto escrito ou com textos brevíssimos, que podem ser lidos ou dramatizados pelo adulto, a fim de que a criança comece a perceber a interrelação entre o mundo real que a cerca e o mundo da palavra que nomeia esse real. É a nomeação das coisas que leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a realidade circundante.

No estudo realizado por Rodrigues (2015) constatou-se que o contato de crianças da Educação Infantil com os livros é uma forma de iniciação a leitura e uma fonte de prazer e enriquecimento. Dentre as ferramentas usadas para o incentivo da leitura, a autora usou a contação de histórias e salientou a necessidade dos educadores variarem as histórias, com o fim de ampliar o imaginário da criança.
Corroborando com esta visão, Ramos (2011, p. 28) afirma que “enquanto o contador liberta as palavras presas no texto, o ouvinte, leitor indireto do texto narrado, vai criando e interpretando os desenhos, adentrando-se em um mundo mágico e tornando-se coautor da história”. Deste modo, percebe-se que a contação de história pode estimular a imaginação e a criatividade da criança, fatores de suma importância para o desenvolvimento cognitivo e, por conseguinte, para a facilitação do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.
A escolha do livro ou da história a ser contada ou dramatizada deve ser simples e conter aspectos do cotidiano da criança, com as suas necessidades e expectativas. Além disso, deve motivar a criança a desenvolver o seu imaginário, bem como as suas emoções.
Miranda (2010) defende que a criança aprende com mais facilidade quando se sente competente, sendo que essa competência pode ser ativada por meio de práticas pedagógicas adequadas. Segundo a autora:

O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser mais bem desenvolvido, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenrolar das atividades em sala de aula (MIRANDA, 2010, p. 3).

Neste sentido, o desenvolvimento de atividades de incentivo a leitura ainda na Educação Infantil podem preparar a criança para um processo de ensino e aprendizagem mais prazeroso, mais motivador, tendo em vista que a criança já foi apresentada a leitura de uma maneira “leve”, sem cobranças.
Entretanto, Rodrigues (2015, p. 247) observou no seu estudo que, “muitas vezes a leitura feita pelos educadores é uma tarefa rotineira com comportamentos tradicionais, as crianças não têm um estímulo prazeroso, os educadores não têm sensibilidade para contar a história com emoção e despertar a curiosidade e o prazer pela leitura”.  Logo, é necessário refletir sobre o papel do professor da Educação Infantil como incentivador da leitura, considerando-se que esse deve desenvolver esta atividade com sensibilidade e criatividade para que ela seja prazerosa e, por conseguinte motivadora.
A dramatização de pequenas histórias também é uma técnica que pode ser usada para motivar a leitura na Educação Infantil. Para Brito (2005, p. 31), “a dramatização em sala de aula valoriza cada aluno, bem como a imaginação e a participação no coletivo”. Deste modo, percebe-se que esta técnica também incentiva e promove a interação social, aspecto bastante valorizado pelos estudiosos da Pedagogia Moderna, como sendo um dos facilitadores para a efetivação do processo de ensino e aprendizagem.
Portanto, para leitura ser uma atividade prazerosa para a criança e facilitadora para o processo de ensino e aprendizagem o professor da Educação Infantil deve adotar a postura de motivador, de incentivador, suas práticas e procedimentos devem ser pesquisados e selecionados de modo a tornar a leitura interessante. Sob esta perspectiva, o educador precisa estar consciente do seu papel e da sua importância nessa fase da criança. É necessário que ele sinta-se comprometido, responsável pela motivação e pelo desenvolvimento integral da criança.

Silvia Laura Abrahão

REFERÊNCIA

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI). Ministério da Educação e do Desporto. Brasília, 1998. 
BRITO. O. R. Dinâmica de grupo, aprendizagem e arte: construções da educação. Fortaleza. 50fl. Monografia (Especialização em Dinâmica de Grupo) - Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio, 2005.
COELHO, N. N. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.
MIRANDA, E. D. S. A influência da relação professor-aluno para o processo de ensino aprendizagem no contexto afetividade. 8° Encontro de Iniciação Científica. 2008. 
PINHO, R. O lúdico no processo de aprendizagem. Webartigos, 2009. 
RAMOS, A. C. Contação de história: um caminho para formação de autores. Londrina. 136fl. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Londrina, 2011. 
RODRIGUES, S. M. A prática de leitura na educação infantil como incentivo na formação de futuros leitores. Revista Eventos Pedagógicos, v. 6, n. 2, e. 15, p. 241-249, jun./jul. 2015. 

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