O americano Martin Luther King Jr. foi um dos grandes ícones do século XX. A sua grande popularidade deveu-se à liderança que exerceu na luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos da América, nas décadas de 1950 e 1960. King possuía uma grande capacidade de discursar em público e de agregar um grande número de pessoas em manifestações pacíficas contra as leis de segregação racial dos estados do Sul dos Estados Unidos (EUA). Por tal característica, ele chegou a receber o prêmio Nobel da Paz em 1964. Quatro anos mais tarde, sua vida foi interrompida pelas mãos de James Earl Ray.
De pastor protestante à ativista
Luther King nasceu na cidade de Atlanta, no Estado da Georgia, em 15 de janeiro de 1929. Seus pais eram cristãos batistas, sendo seu pai também pastor. A exemplo do pai, King seguiu a vocação de pastor da Igreja Batista, tendo se formado no Seminário Teológico Crozer, no Estado da Pensilvânia. Foi nesse Estado que conheceu a mulher com quem se casaria, Coretta Scott, então estudante de música.
No ano de 1954, King, já formado, mudou-se com Coretta para a cidade de Montgomery, no Estado do Alabama, onde se tornou pastor da Igreja Batista local. Alabama era um dos Estados americanos em que vigiam leis de segregação racial, isto é, leis que discriminavam a população negra, privando-a de usufruir de benefícios básicos, como educação, saúde, transporte público, tal como os brancos usufruíam. Esses serviços eram sempre oferecidos aos negros em péssima qualidade.
A segregação racial no Sul dos EUA remontava ao passado escravista dessa região. Até 1865 – ano em que acabou a Guerra Civil entre o Norte e o Sul –, o trabalho escravo ainda não havia sido abolido nos EUA. A região Sul, eminentemente agrária, valia-se do trabalho escravo negro em suas lavouras. Com o fim da Guerra Civil, houve a abolição da escravidão, e os sulistas passaram a ser incorporados ao sistema federativo estruturado pelo Norte. Todavia, a aversão aos negros já estava bastante arraigada na cultura sulista e acabou por resultar nas leis de segregação racial e atos de violência contra negros praticados por seitas como a Ku Klux Klan.
King, além dos estudos de teologia, também estava envolto com estudos sobre personalidades que se dedicaram à luta por direitos civis e protesto pacífico, como Gandhi, na Índia. Esses estudos deram a ele suporte teórico e inspiração para praticar o mesmo tipo de luta em seu país.
Em defesa de Rosa Parks e o discurso “Eu tenho um sonho...”
O primeiro caso em que Luther King envolveu-se diretamente com a luta pelos direitos civis dos negros foi o de Rosa Parks. Rosa Parks era uma mulher negra de Montgomery que foi presa, em 1º de dezembro de 1955, por se recusar a se levantar e dar o seu assento a um homem branco. A lei segregacionista da cidade era aplicada também nos transportes públicos. No dia em questão, não havia, na ala dos brancos, mais nenhum assento disponível. O motorista então obrigou Parks a se levantar, da ala dos negros, para que seu lugar fosse ocupado por um branco.
A prisão de Parks gerou enorme revolta, não apenas no Alabama, mas em grande parte do Sul dos EUA. King destacou-se por defender publicamente Parks e por organizar manifestações que denunciavam a arbitrariedade da empresa de ônibus e da justiça. Ainda na década de 1950, King ganhou notoriedade nacional como ativista, mas foi no início da década seguinte que seu nome ficou mundialmente conhecido. No dia 28 de agosto de 1963, Luther King discursou para um público de 250.000 pessoas em Washington, capital dos EUA. Foi nesse discurso que ele expressou o desejo de ver seu país sem a segregação racial, como fica patente no trecho abaixo:
Eu tenho um sonho que um dia essa nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: “Consideramos essas verdades como autoevidentes que todos os homens são criados iguais.” Eu tenho um sonho que um dia, nas montanhas rubras da Geórgia, os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes de donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.
Um ano depois, King recebeu o prêmio Nobel da Paz como forma de reconhecimento de seu protagonismo na luta pelos direitos civis dos negros e pelo método pacifista empregado.
Assassinato em Memphis, Tennessee
Em 4 de abril de 1968, Luther King estava na sacada de um apartamento no Hotel Lorraine, na cidade de Memphis, Estado do Tennesse, quando foi atingido por um tiro de espingarda que o matou. O autor do disparo foi James Earl Ray, um presidiário fugitivo. As investigações da polícia à época seguiram a pista de que Ray teria sido contratado por políticos e outras pessoas de grande influência social para matar King. No entanto, com o tempo, não houve provas que comprovassem isso. O mais provável é que Ray, que era declaradamente racista, tenha agido por convicção própria.
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