quarta-feira, 14 de agosto de 2019

EUCLIDES DA CUNHA

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha foi um escritor pré-modernista brasileiro. Nasceu no dia 20 de janeiro de 1866, no arraial de Santa Rita do Rio Negro, município de Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro. Filho dos agricultores Manuel Rodrigues da Cunha Pimenta e Eudóxia Alves Moreira da Cunha, ficou órfão de mãe aos três anos de idade, saiu da fazenda 'Saudade' e passou a viver com seus avós e seus tios em Teresópolis, São Fidélis e, posteriormente, na capital do estado, Rio de Janeiro.

Além de renomado escritor das áreas do jornalismo e da literatura, Euclides da Cunha foi um analista das práticas sociais, como a que fez em seu livro Os Sertões a respeito do sertão, do sertanejo e do conflito ocorrido no Arraial de Belo Monte, mais conhecido como Guerra de CanudosSuas bases e referências científicas foram influenciadas por estudiosos como Charles DarwinAuguste ComteHippolyte TaineKarl Marx e Émile Durkheim, além do escritor francês Victor Hugo.
Em 1890, Euclides da Cunha casou-se com Ana Emília Ribeiro, uma jovem de 15 anos, filha do Major Sólon Ribeiro, um dos líderes da Proclamação da República. Com sua esposa, Euclides teve três filhos: Sólon da CunhaEuclides Filho e Manuel Afonso Albertina.
Formações militar e acadêmica
Entre os anos de 1883 e 1884, Euclides da Cunha estudou no Colégio Aquino e foi aluno de Benjamin Constant. Em 1886, foi novamente aluno de Constant na Escola Militar da Praia Vermelha. Foi desligado do Exército em virtude do seu engajamento político no ano de 1888, após ter atirado uma espada aos pés do Ministro de Guerra, Tomás Coelho. Com a Proclamação da República, em 1889, Euclides retornou ao Exército após ingressar na Escola Superior de Guerra. Na época, tornou-se primeiro-tenente e bacharel em Matemática e em Ciências físicas e naturais. Em 1891, deixou a Escola de Guerra para trabalhar como coadjuvante de ensino na Escola Militar.
Primeiras publicações
Em 1894, Euclides publicou duas cartas no jornal Gazeta de Notícias nas quais defendia o Estado Democrático. Essas publicações ocasionaram a “perseguição política” a Euclides da Cunha, o qual passou a ser visto com desconfiança pelos legalistas, e provocaram sua mudança para Minas Gerais. Em 1895, passou a trabalhar como engenheiro na construção da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Em 1896, Euclides da Cunha afastou-se temporariamente do Exército para trabalhar como superintendente de obras públicas e como correspondente do jornal O Estado de São Paulo. No ano seguinte, em 1897, Euclides recebeu o convite do jornalista Júlio de Mesquita para cobrir, como correspondente jornalístico, as operações do Exército em um conflito armado no sertão do Estado da Bahia, no município de Monte Belo, mais conhecido como Arraial de Canudos, localizado entre o Polígono das Secas e o vale do Rio Vaza-Barris.
Durante quase dois meses, Euclides da Cunha viveu no sertão baiano como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, transmitindo as notícias por meio de telégrafo. Após o fim da guerra, com a destruição do Arraial de Canudos, Euclides da Cunha mudou-se para São José do Rio Pardo para trabalhar na construção de uma ponte metálica no Rio Pardo. Durante cinco anos, nos pequenos intervalos, escreveu boa parte de Os Sertões. Antes mesmo de publicar o livro na íntegra, Euclides publicou alguns fragmentos em um artigo intitulado de "Excerto de um livro inédito". 
Em 1902, cinco anos após o fim do conflito no Arraial de Canudos, Euclides da Cunha publicou sua obra-prima, Os Sertões. A partir de suas experiências no sertão nordestino, vivendo intensamente o contexto da guerra como correspondente de jornalismo, Euclides da Cunha teve sua visão transformada a respeito do movimento de Canudos. Além disso, como analista social, transformou também seu olhar para o sertão e os sertanejos. Nas palavras do escritor, “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”.
Euclides da Cunha foi o primeiro escritor brasileiro a unir a literatura e a história. Esse perfil de produção textual contribuiu, sobretudo, para que os brasileiros pertencentes à elite cultural e os demais grupos sociais pudessem conhecer o interior do Brasil, sobretudo as características geográficas do sertão e o perfil do sertanejo. Em virtude da riqueza de detalhes, a obra Os Sertões recebeu do escritor Pedro Nabuco o nome de “a Bíblia da nacionalidade brasileira”.
O estilo de linguagem científica, poética e rebuscada do autor também chama atenção dos leitores. Alguns críticos literários e escritores consideram a linguagem de Os Sertões como um “Barroco Científico”. A obra também apresenta características de diversos tipos de textos: literáriocientífico jornalístico.
Os Sertões é dividido em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. Na primeira parte, o autor descreve os aspectos geográficos (clima, vegetação, relevo e hidrografia) do sertão baiano. Na segunda parte, Euclides retrata o sertanejo para mostrar de que maneira o meio influencia a vida das pessoas, descrevendo-o como um homem forte. Na terceira parte, o autor descreve os combates enfrentados pelas tropas oficiais contra os seguidores de Antônio Conselheiro, líder de Canudos.
Com a publicação dessa obra, Euclides da Cunha entrou para a Academia Brasileira de Letras (ABL) no dia 21 de setembro de 1903, ocupando a cadeira 7, e também para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Aos 46 anos, Euclides da Cunha foi assassinado com um tiro no peito, no dia 15 de agosto de 1909. O autor do disparo foi Dilermando, o amante de sua esposa, um jovem cadete de 17 anos. O corpo do autor foi velado na ABL e sepultado no cemitério de São João Batista. Seus restos mortais estão hoje na cidade de São José do Rio Pardo, lugar onde escreveu grande parte de sua obra-prima Os Sertões.
Obras do autor
Os Sertões, 1902;
Contrastes e Confrontos, 1906;
Peru Versus Bolívia, 1907;
Castro Alves e o Seu Tempo, 1908;
A Margem da História, 1909.

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