sábado, 27 de julho de 2019

VOZES ANOITECIDAS

Vozes Anoitecidas é uma coletânea de contos do moçambicano vencedor do Prêmio Camões, Mia Couto, que chegou ao público em 1987 e foi publicada em 2013 no Brasil, pela Companhia das Letras. O livro reúne doze pequenos contos. Foi o livro de estreia de Mia Couto na prosa, antes disso ele já atuava como escritor, era jornalista e também escrevia poemas. 


A maioria dos contos da coletânea mostra personagens passando por dificuldades e problemas sociais, questões que incomodavam Mia Couto, uma vez que na época em que o livro foi escrito o país passava pela Guerra Civil e a população sofria com isso.
Dentre os doze contos da obra, destaco “A fogueira”, “O último aviso do corvo falador” e “De como se vazou a vida de Ascolino do Perpétuo Socorro” como meus favoritos.
O conto “A fogueira” mostra um senhor cavando a sepultura de sua velha esposa, ainda viva. Gostei da ideia central e apesar do desfecho já ser esperado, a história é muito bem contada. A figura da mulher submissa também é retratada.
Em “O último aviso do corvo falador” temos uma mostra de realismo mágico (marca registrada de Mia). O pintor Zuzé, após um acesso de tosse cospe um corvo, animal este, muito especial. Oriundo da fronteira da vida e capaz de fornecer informações sobre os mortos através de seu crocito.
De como se vazou a vida de Ascolino do Perpétuo Socorro” narra as peripécias de um português que vai ao bar todos os dias, montado na bicicleta que seu empregado vai pedalando. Até que um dia, ao retornar para casa de uma de suas bebedeiras, descobre que sua mulher o abandonou e parte em seu encalço.
A narrativa crua e poética de Mia já pode ser observada nesses pequenos contos, que parecem valorizar o folclore e a oralidade de Moçambique, através de personagens singelos e ao mesmo tempo enigmáticos. Couto é um grande contador de histórias. 

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