quarta-feira, 19 de junho de 2019

O HUMANISMO

Humanismo é um termo relativo ao Renascimento, movimento surgido na Europa, mais precisamente na Itália, que colocava o homem como o centro de todas as coisas existentes no universo. Nesse período, compreendido entre a transitoriedade da Baixa Idade Média e início da Moderna (séculos XIV a XVI), os avanços científicos começavam a tomar espaço no meio cultural.



A tecnologia começava aflorar nos campos da matemática, física, medicina. Nomes como Galileu, Paracelso, Gutenberg, dentre outros, começavam a despontar, em razão das descobertas feitas por eles. Galileu Galilei comprova a teoria heliocêntrica que dizia ser o Sol o centro do sistema planetário, defendida anteriormente por Nicolau Copérnico, além de ter construído um telescópio ainda melhor que os inventados anteriormente. Paracelso explora as drogas medicinais e seu uso, enquanto Gutenberg descobre um novo meio de reproduzir livros.
Além disso, a filosofia desponta como uma atividade intelectual renovada no interesse pelos autores da Antiguidade clássica:Aristóteles, Virgílio, Cícero e Horácio. Por este resgate da Idade Média, este período também é chamado de Classicismo. A burguesia e a nobreza, classes sociais que despontam no final da Idade Média, passam a dividir o poderio com a Igreja.
É neste contexto cultural que a visão antropocêntrica se instala e influencia todo campo cultural: literatura, música, escultura, artes plásticas. Na Literatura, os autores italianos que maior influência exerceram foram: Dante Alighieri (Divina Comédia), Petrarca(Cancioneiro) e Bocaccio (Decameron). Os gêneros mais cultivados foram: o lírico, de temática amorosa ou bucólica, e o épico, seguindo os modelos consagrados por Homero (Ilíada e Odisséia) e Virgílio(Eneida).
Podemos denominar Humanismo como ideia surgida no Renascimento que coloca o homem como o centro de interesse e, portanto, em torno do qual tudo acontece.
Em literatura, chamamos de Humanismo, ou Segunda época medieval, o período de transição entre o Trovadorismo e o Classicismo, entre os séculos XIV e XV. Também chamamos de Humanismo a corrente filosófica que serviu de base para esse período e para o movimento posterior, o Renascimento cultural.
Em meados do século XIV, o gosto pela poesia declina. Os trovadores começam a produzir bem menos e com a morte de D. Dinis (o maior trovador lusitano), a Corte começa a perder sua importância cultural. Em substituição surgiu uma literatura em prosa. Historicamente, ocorria a unificação política de Portugal por D. Afonso III.
Na Segunda época, produziu-se prosa (crônicas e novelas de cavalaria), poesia palaciana e teatro. A corrente humanista, base dessa transição, defendia uma valorização de tudo que diz respeito ao homem, tendo como principal característica o racionalismo. Por isso, a prosa que se produziu tendia ao registro histórico (viés racionalista) como ocorreu com a prosa de Fernão Lopes ou ao registro de comportamentos humanos como ocorreu com o teatro de Gil Vicente.

Crônicas, cronicões, hagiografias e nobiliários
racionalismo na literatura é marcado pelas crônicas de Fernão Lopes, nomeado, em 1418, cronista-mor da Torre do Tombo (uma espécie de registro civil lusitano), sendo responsável pela genealogia da coroa lusitana. Havia no cronista uma preocupação histórica, por isso também chamamos essa produção de historiografia. Fernão Lopes é considerado o primeiro grande prosador em língua portuguesa (que já se apresenta mais próxima da língua moderna) e escreveu, basicamente, nobiliários e crônicas sobre as dinastias lusitanas. Os nobiliários tinham função crucial – traçavam a genealogia e se evitavam assim casamentos consanguíneos até o sétimo grau. As hagiografias que narravam a vida de santos também eram importantes prosas nesse período, haja vista a forte mentalidade religiosa medieval. Houve também os cronicões, breve relato da vida de alguns reis, mas sem a genialidade de Fernão Lopes.

As novelas de cavalaria
Além da prosa histórica, as novelas de cavalaria tiveram grande importância para a história literária portuguesa. Tratavam de temas envolvendo os cavaleiros medievais - classe social de grande prestígio. Foram três os ciclos das novelas:
1.    ciclo clássico: temas da antiguidade clássica, como a guerra de Troia;
2.    ciclo carolíngio: narra proezas do imperador Carlos Magno e seus doze pares;
3.    ciclo bretão: foi seguramente o mais importante dos ciclos e narra a saga de Rei Artur e dos cavaleiros da Távola redonda.

Dentre a mais conhecida novela está a Demanda do Santo Graal. Esses temas eram muitíssimos apreciados pelos lusitanos, sendo constantemente reeditados.

O teatro de Gil Vicente
Outro grande nome da Segunda época foi o teatrólogo Gil Vicente. Este teatrólogo tende a ser considerado autor da Segunda época medieval, no Brasil, mas a tradição lusitana o enquadra no Classicismo. Como teve obras publicadas por quase 40 anos, tende-se a inclui-lo nos dois períodos. É importante ressaltar que para a tradição lusitana, não houve clara distinção entre Segunda época e Renascimento (Classicismo), sendo impossível marcar uma separação clara. A obra vincentina era dividida em 1) Hieráticas (obras de devoção); 2) Aristocráticas (tragicomédias); 3) Populares (farsas). Das obras mais importantes temos a trilogia das barcas com Auto da Barca do Inferno (1517), Auto da Barca do Purgatório (1518) eAuto da Barca da Glória (1519).

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