Michel de Montaigne foi um escritor, jurista, político e filósofo francês, o inventor do gênero ensaio. Foi considerado um dos maiores humanistas franceses.
Michel de Montaigne nasceu no castelo de Montaigne, Saint-Michel-de-Montaigne, na região de Bordeaux, França, no dia 13 de setembro de 1533. Filho de família rica e nobre foi criado pela ama de leite numa casa de camponeses e dois anos depois retornou para a família. Estudou com um preceptor alemão que lhe deu aulas de latim, sua primeira língua. Ingressou no colégio de Guyene, em Bordeaux. Em 1549, foi para Toulouse onde estudou Direito.
Em 1554, depois de formado, tornou-se conselheiro da Corte de Périgueux, substituindo seu pai, e quando esta se dissolveu, passou a fazer parte do Parlamento de Bordeaux. Logo se iniciaram as violentas guerras civis que acompanharam sua vida, assim como os surtos de peste que varriam a Europa. Em um deles, testemunhou a morte de seu grande amigo o humanista e filósofo La Boétie, em 1563.
Em 1565 se casou com Françoise de La Chassagne. Em 1568 morreu seu pai, tornando-se herdeiro de uma propriedade e do título de Senhor de Montaigne, que lhe garantiu uma sobrevivência tranquila. Em 1570 vendeu seu cargo e em 1571 se retirou para sua propriedade para escrever suas reflexões num dos séculos mais conturbados da França, sob o cisma político e religioso de protestantes e católicos.
Seu retiro durou pouco, pois no ano seguinte, teve que assumir novos compromissos sociais e políticos em consequência das guerras de religião que assolava o país. Correspondeu-se com o protestante Henrique de Navarra, que acabaria por se tornar um rei católico, em 1572. Viajou pela Suíça, Alemanha e Itália. Ao voltar, foi eleito prefeito de Bordeaux. Em missão secreta a Paris, a favor da paz, acabou preso por um dia na Bastilha.
Em março de 1580, Michel de Montaigne publicou a primeira edição de “Ensaios”. Uma segunda edição foi publicada em 1582, e a terceira surgiu em 1588. No seu tempo, a obra foi um best-seller, seus textos eram absorvidos como espelhos edificantes da cultura clássica. Seu livro tornou-se uma das mais importantes e influentes obras do Renascimento. A obra estabeleceu o ensaio como um novo gênero literário, onde o escritor faz reflexões pessoais e subjetivas sobre diversos temas, entre eles, a religião, a educação, amizade, amor, liberdade, guerra etc.
A obra não criou nenhum sistema filosófico, foi uma tentativa de aprender sobre si mesmo e os próprios sentimentos, como ele afirmou: “Eu sou eu mesmo o tema do meu livro”. A proposta do escritor era mais questionadora e crítica do que estabelecer teses científicas.
Conceitualmente, os Ensaios refletem os valores clássicos das correntes céticas, estoicas e epicuristas da filosofia helenística, de um momento histórico em que os deuses pagãos perdiam sua força na sofisticada cultura da civilização romana, e o cristianismo ainda não havia imposto ao mundo sua enorme influência. Naquele período de três ou quatro séculos, o homem se via com uma desconfiada liberdade. A obra de Montaigne redescobre esse indivíduo esquecido, recoloca-o no centro do mundo, depois de um longo silêncio.
Michel de Montaigne faleceu no Castelo de Montaigne, França, no dia 23 de setembro de 1592.
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