Heitor Villa-Lobos foi um maestro e compositor brasileiro, considerado um expoente da música erudita no Brasil. Suas peças são executadas no circuito dos mais prestigiados teatros europeus e americanos.
Heitor Villa-Lobos nasceu no bairro de Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, no dia 5 de março de 1887. Filho de Raul Villa-Lobos, diretor da Biblioteca do Senado e músico amador, e da dona de casa Noêmia Monteiro, grandes incentivadores dos estudos do filho. Aprendeu com o pai a tocar violão e violoncelo.
Autodidata, com seis anos compôs a primeira peça para violão, baseada em cantigas de roda. Com oito anos começou seu interesse por Bach. Apreciava também os ritmos populares. Conheceu os ritmos nordestinos quando frequentava com o pai a casa de Alberto Brandão, onde se reuniam os cantadores nordestinos. Aprendeu clarinete e saxofone.
Com 12 anos ficou órfão de pai e a família enfrentou dificuldades financeiras. Para sustentar os oito filhos, sua mãe, acostumada à vida social, conseguiu um emprego para lavar e engomar as toalhas e guardanapos da Confeitaria Colombo.
Com 16 anos, Heitor foi morar com uma tia, que lhe ensinou a tocar piano. Encantado com os “chorões”, grupo malvisto pela nata da sociedade, frequentava o Cavaquinho de Ouro, loja de música onde os chorões recebiam convite para se apresentar em diversos lugares.
Em 1905, Villa-Lobos viajou para o Nordeste e extasiou-se com a riqueza do folclore. Em 1907 escreveu “Os Cantos Sertanejos”, para pequena orquestra.
Nessa época, buscando uma formação acadêmica, matriculou-se no curso de Harmonia de Frederico Nascimento, no Instituto Nacional de Música, mas não se adaptou à disciplina dos estudos. Passou a ganhar a vida tocando violoncelo, piano, violão e saxofone nos teatros e cinemas cariocas.
Heitor Villa-Lobos contrariou sua mãe quando entrou para a escola de música, pois o desejo dela era que ele entrasse para a faculdade de medicina.
Por volta de 1913, Villa-Lobos deu início à sua produção, já abordando os mais diversos gêneros musicais: "Suíte Floral Para Piano” (1914), “Danças Africanas” (1914), “Uirapuru” (1917) e “Canto do Cisne Negro Para Piano e Violoncelo” (1917), “Amazonas” (1917), entre outras. Realizou alguns recitais com suas obras, mas recebia crítica por suas inovações musicais.
Em 1922, Heitor Villa-Lobos fez sua estreia oficial na Semana de Arte Moderna, em São Paulo. Sua música moderna foi vaiada, mas o evento foi o início de sua projeção internacional como um criador original pela fusão dos ritmos folclóricos e populares com a música erudita. A crítica demorou a entender.
Na Semana de Arte Moderna, em São Paulo, Heitor Villa-Lobos se apresentou de casaca e chinelo, pois estava sofrendo com sintomas da “gota”.
Em 1923, com 36 anos, financiado pelo governo, desembarcou em Paris, para mostrar seu talento, retornando em 1924. Em 1927 voltou à Europa, financiado pelo milionário Carlos Guínle. Nessas viagens, apresentou concertos de suas obras regendo importantes orquestras pelo continente.
Um episódio turbulento da vida pessoal do maestro ocorreu em 1936, em uma viagem a Berlim, quando ele mandou uma carta desmanchando o casamento de 23 anos com a pianista Lucília Guimarães. Ele viajou em companhia de Arminda Neves d’Almeida, professora de música, então com 24 anos (quando ele tinha 46). A união com Arminda durou até sua morte.
O Trenzinho do Caipira
O auge da criatividade de Heitor Villa-Lobos se deu na década de 30, quando deu início à série das nove “Bachianas Brasileiras”, suítes para diversas combinações de instrumentos que expressam a afinidade entre Bach e procedimentos melódicos e harmônicos da música popular instrumental brasileira.
Em 1931, ao excursionar por 54 cidades do interior paulista, inspirou-se para compor “O Trenzinho do Caipira”, parte integrante da peça “Bachianas Brasileiras n.º 2”. A obra se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra.
Durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), quando era obrigatório o ensino de música nas escolas, o maestro foi Secretário de Educação Musical e orientava os professores da rede pública sobre como ensinar música. Sob sua batuta, promovia apresentações de canto orfeônico que reunia estudantes em estádios de futebol.
Ressentido porque suas músicas eram pouco executadas no Brasil, Villa-Lobos costumava desabafar: “Não tive o justo reconhecimento em meu próprio país”. Depois da II Guerra, o maestro iniciou uma turnê pelos Estados Unidos e pela Europa, onde suas peças eram executadas no circuito dos mais prestigiados teatros.
Academia Brasileira de Música
Heitor Villa-Lobos fundou e foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Música. Era membro a Academia de Belas Artes de Nova Iorque. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Nova Iorque.
Villa-Lobos deixou mais de 700 composições, com destaque para as “Bachianas Brasileiras”, em número de nove, entre elas, a de n.º 4 para piano e a de n.º 5 para soprano e conjunto de violoncelos, como também os choros: "Choro n.º 2", "Choro n.º 5" e "Descobrimento do Brasil, 4 suítes".
Heitor Villa-Lobos faleceu no Rio de Janeiro, no dia 17 de novembro de 1959.
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