A febre amarela é uma doença grave causada por um vírus do grupo dos arbovírus, do gênero Flavivirus, e transmitida pela picada de um mosquito. Essa doença não é contagiosa e apresenta, do ponto de vista epidemiológico, duas formas: a silvestre e a urbana.
A febre amarela é transmitida pela picada de mosquitos do gênero Haemagogus, Sabethes e pelo já conhecido Aedes aegypti. Os mosquitos Haemagogus e Sabethes são os responsáveis, na América Latina, pela transmissão no ciclo silvestre da doença. O Aedes aegypti é o responsável pela transmissão no meio urbano.
A febre amarela silvestre e a urbana diferenciam-se principalmente com relação aos seus vetores, hospedeiros vertebrados e o local de sua ocorrência. Nas áreas silvestres, os mosquitos são transmissores e reservatórios, e os macacos atuam como hospedeiros amplificadores da doença, uma vez que não transmitem a enfermidade e, ao serem infectados, morrem ou se curam, ficando, nesse último caso, imunes pelo restante de sua vida. Na forma silvestre, o mosquito pode ser infectado ao picar um macaco doente e, posteriormente, infectar um homem.
No caso da febre amarela urbana, o Aedes aegypti transmite a doença para o homem, que é o hospedeiro amplificador. Nesse ciclo, a introdução do vírus é feita pelo homem, que, ao ser picado pelo mosquito, passa o vírus, infectando-o. Ao picar outra pessoa, o mosquito transmite a doença.
Vale destacar que uma pessoa com febre amarela não pode transmitir a doença para outra. A transmissão também não ocorre por meio de objetos contaminados.
A febre amarela apresenta-se de diferentes formas, podendo ser assintomática em alguns indivíduos e extremamente grave em outros. Nas formas graves, os pacientes morrem em 50% dos casos, entretanto, quando consideramos todas as formas da doença, a taxa de mortalidade normalmente não ultrapassa 10%.
Geralmente os sintomas iniciam-se de três a seis dias após a picada do mosquito. Os principais sinais e sintomas dessa doença são: febre, dores de cabeça, dores no corpo, vômitos e náuseas, icterícia (coloração amarelada da pele e mucosas), albuminúria (presença de albumina na urina, problema que pode causar a perda da função renal), diminuição da produção de urina e hemorragias. As formas graves são caracterizadas pela tríade: icterícia, albuminúria e hemorragia.
A febre amarela não possui tratamento específico, e o uso de medicamentos geralmente se volta para combater os sinais e sintomas da doença. Assim sendo, cada paciente recebe um tipo diferente de tratamento de acordo com as suas manifestações clínicas. Em formas graves, é recomendada a internação, de preferência, em hospitais que possuam UTI. Assim como na dengue, em quadros de febre amarela, não é recomendado o uso de medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico, pois este pode causar quadros hemorrágicos.
Por ser uma doença transmitida pela picada de um mosquito, a prevenção da febre amarela baseia-se na luta pela diminuição do número de vetores. Na febre amarela urbana, por exemplo, devemos impedir que os mosquitos Aedes aegypti reproduzam-se, impossibilitando, portanto, a manutenção de seus criadouros. Para isso, devemos evitar, por exemplo, deixar expostos recipientes que possam acumular água, como latas e pneus.
No que diz respeito a medidas individuais, podemos citar o uso de repelentes, mosquiteiros e roupas que tampem grande parte do corpo. Também é importante evitar áreas de mata em que se sabe que ocorre o ciclo silvestre e, principalmente, vacinar-se.
Vacinação contra a febre amarela
A vacina contra febre amarela é produzida no Brasil desde 1937 e é reconhecida como segura e eficaz. Assim como qualquer vacina ou medicamento, pode causar reações adversas como febre, dores de cabeça e no corpo. Atenção maior deve ser dada a pacientes que apresentarem dor abdominal.
De acordo com o Portal do Ministério da Saúde, as orientações para a vacinação contra febre amarela para residentes em área com recomendação da vacina ou pessoas que viajarão para essa área são:
- Crianças de 6 meses a 9 meses de idade incompletos: A vacina está indicada somente em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem inadiável para área de risco de contrair a doença;
- Crianças de 9 meses até 4 anos e 11 meses e 29 dias de idade: Administrar 1 dose aos 9 meses de idade e 1 dose de reforço aos 4 anos de idade, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses;
- Pessoas a partir de 5 anos de idade que receberam uma dose da vacina antes de completar 5 anos de idade: Administrar uma única dose de reforço, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses;
- Pessoas a partir de 5 anos de idade que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação: Administrar a primeira dose da vacina e, 10 anos depois, 1 dose de reforço;
- Pessoas a partir dos 5 anos de idade que receberam 2 doses da vacina: Considerar vacinado. Não administrar nenhuma dose;
- Pessoas com 60 anos e mais que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação: O médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação, levando em conta o risco da doença e o risco de eventos adversos nessa faixa etária ou decorrentes de comorbidades (associação de duas ou mais doenças no paciente;
- Gestantes, independentemente do estado vacinal: A vacinação está contraindicada. Na impossibilidade de adiar a vacinação, como em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco de contrair a doença, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação;
- Mulheres que estejam amamentando crianças com até 6 meses de idade, independentemente do estado vacinal: A vacinação não está indicada, devendo ser adiada até a criança completar 6 meses de idade. Na impossibilidade de adiar a vacinação, como em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco de contrair a doença, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação. Em caso de mulheres que estejam amamentando e receberam a vacina, o aleitamento materno deve ser suspenso preferencialmente por 28 dias após a vacinação (com um mínimo de 15 dias).
- Viajantes: Viagens internacionais: seguir as recomendações do Regulamento Sanitário Internacional (RSI). Viagens para áreas com recomendação de vacina no Brasil: vacinar, pelo menos 10 dias antes da viagem, no caso de primeira vacinação. O prazo de 10 dias não se aplica no caso de revacinação
A primeira epidemia de febre amarela urbana no Brasil ocorreu em 1685, no Recife.
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