João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.
Apesar disso, Cruz e Sousa teve que enfrentar o preconceito racial que era muito mais evidente na época do que é hoje em dia. No entanto, isso não foi pretexto para desmotivá-lo, uma vez que é conhecido como o mais importante escritor do Simbolismo.
Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro.
Depois de algum tempo no Rio Grande do Sul e após enfrentar represália para não sair de sua terra natal por motivo de preconceito, o autor fixou residência no Rio de Janeiro, onde trabalhou em empregos que não condiziam com sua capacidade e formação.
Em 1893 publicou suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna.
Casou-se com Gavita Gonçalves, com quem teve quatro filhos, os quais morreram precocemente por tuberculose, o que a enlouqueceu em 1896. Foi o escritor quem cuidou da esposa, em casa mesmo. Essa é a temática de muitos poemas de Cruz e Sousa.
A linguagem de Cruz e Sousa, herdada do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos vocábulos.
Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em 19 de março de 1898, vítima do agravamento no quadro de tuberculose.
Veja um trecho do poema “Cristais”, no qual é claro o uso da sinestesia, recurso estilístico que associa dois sentidos ou mais (audição, visão, olfato, etc.):
Mais claro e fino do que as finas pratas
o som da tua voz deliciava…
Na dolência velada das sonatas
como um perfume a tudo perfumava.
o som da tua voz deliciava…
Na dolência velada das sonatas
como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
em lânguida espiral que iluminava,
brancas sonoridades de cascatas…
Tanta harmonia melancolizava.
em lânguida espiral que iluminava,
brancas sonoridades de cascatas…
Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas
de cantos volutuosos como rondas
de silfos leves, sensuais, lascivos…
de cantos volutuosos como rondas
de silfos leves, sensuais, lascivos…
Como que anseios invisíveis, mudos,
da brancura das sedas e veludos,
das virgindades, dos pudores vivos.
da brancura das sedas e veludos,
das virgindades, dos pudores vivos.
Obras: Poesia: Broquéis (1893); Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905).
Prosa poética: Tropos e fanfarras (1885) em conjunto com Virgílio Várzea, Missal (1893) e Evocações (1898).
Prosa poética: Tropos e fanfarras (1885) em conjunto com Virgílio Várzea, Missal (1893) e Evocações (1898).
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