Em 30 de novembro de 1979, o presidente João Figueiredo enfrentou uma difícil situação em Florianópolis (SC), um protesto envolvendo diversificado público e reclamações. Durante o regime militar, essa foi a primeira vez que um presidente enfrentou diretamente um protesto popular.
De acordo com o jornalista Moacir Pereira que acompanhou a visita de Figueiredo à Florianópolis, a crise já estava anunciada. O cenário de inflação e arrocho salarial, somados a uma placa que homenageava o marechal Floriano Peixoto, do qual se originou o nome da cidade, indicavam que a recepção popular ao presidente não seria das melhores. A figura de Floriano Peixoto causava reações negativas nas localidades devido a um massacre ocorrido em Anhatomirim (SC), em 1894 a mando do então presidente em retaliação à Revolução Federalista.
Em 30 de novembro de 1979, trinta estudantes organizaram um protesto contra o regime militar durante uma visita do presidente João Figueiredo à sede do governo estadual, no palácio Cruz e Sousa. Antes disso, no caminho do aeroporto até a capital do Estado, Figueiredo já havia sido recebido com um panelaço de mulheres que reclamavam da falta de dinheiro para as necessidades básicas, como alimentação.
Aos estudantes uniram-se descendentes das vítimas do Massacre de Anhatomirim devido a instalação da polêmica placa. Outras pessoas que se uniram aos protestos também reclamavam das condições de vida cada vez piores em virtude da política econômica de sucessivos governos militares. Além disso, os constantes aumentos no preço do combustível levaram os taxistas que tinham ponto na praça a aderirem à manifestação.
A reação dos miliares à Novembrada
A reação do presidente provocou ainda mais os manifestantes. Acenando com a mão direita de forma ríspida, o presidente deu a entender que ofendia o público ali presente, que retribuiu sua reação desferindo xingamentos contra sua mãe. Inconformado com as ofensas, Figueiredo desceu à praça para confrontar diretamente os manifestantes.
O resultado foi a destruição da placa de Floriano Peixoto e a prisão de sete dos estudantes envolvidos no movimento, o que piorou ainda mais a visão da população da cidade em relação aos militares no poder. As prisões ocorreram nos dias seguintes, que também foram repletos de agitações pela cidade. Diante delas, os militares empreenderam forte busca aos líderes do movimento que iniciou as manifestações.
Desfecho emocionante e libertação dos estudantes
Após as prisões, a população se organizou novamente, no dia 4 de dezembro de 1979. Reunidos nas escadarias da Catedral Metropolitana, os manifestantes pediam a libertação dos estudantes presos. Novamente, a Lei de Segurança Nacional foi utilizada e a manifestação reprimida pela polícia de forma mais violenta que as anteriores. Resistindo, a população se colocou à frente dos militares e cantou o hino nacional.
Após 15 dias de prisão, os estudantes foram soltos e um grupo de famosos juristas foi reunido cuidou da defesa do grupo que, em fevereiro de 1980, foi absolvido das acusações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário