segunda-feira, 29 de julho de 2019

A REVOLUÇÃO ISLÂMICA

Até o ano de 1978, o Irã foi um país aliado dos Estados Unidos. Seu governante, o xá Reza Pahlevi, detinha uma série de acordos militares com os norte-americanos e o país possuía ao final da década de 1970 um dos dez maiores arsenais militares do mundo. Diversas empresas transnacionais estadunidenses se instalaram no Irã, em diferentes segmentos, mas tendo como foco a cadeia produtiva de petróleo. O país persa chegou até mesmo a ser o principal fornecedor de petróleo para Israel, sendo que nos dias atuais ambos países compartilham enormes hostilidades.

Em contrapartida a essa política de apoio irrestrito aos Estados Unidos desencadeou-se, em meados de 1978, uma rebelião popular liderada por dirigentes religiosos, em particular pelo Aiatolá Khomeini (que vivia em exílio em Paris), pela Frente Nacional fundada pelo ex-primeiro-ministro Mohamed Mossadegh, pelo partido marxista Tudeh e pelas organizações político-militares dos fedayins (nacionalistas) e dos mujahedins (combatentes religiosos fundamentalistas).
Sem resistir à pressão popular, o xá abandonou o país em janeiro de 1979. Em 11 de fevereiro do mesmo ano caiu o último representante da monarquia, com a deposição do primeiro ministro Shapour Bakhtiar e a tomada do Palácio Imperial pelos rebeldes. As forças armadas recuaram para evitar serem aniquiladas pela insurreição e aderiram ao novo regime, que eliminou a sua cúpula, mas conservou o essencial da sua estrutura. Teve início um período de disputas internas pelo poder. O primeiro-ministro Mehdi Bazargan, da Frente Nacional, tentou desenvolver uma política de conciliação entre as exigências da tradição islâmica e um modelo de desenvolvimento avançado com a participação popular. No entanto, não conseguiu o apoio da esquerda revolucionária, reprimida e politicamente marginalizada, assim como dos integralistas islâmicos.
Em novembro de 1979, enquanto o governo parecia próximo de ratificar suas posições anti-imperialistas, um grupo estudantil ocupou a embaixada norte-americana e tomou os seus funcionários como reféns, encontrando documentos que comprovavam a intervenção da CIA - Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos - no país.
Bazargan renunciou e uma nova Constituição foi aprovada em plebiscito e, em janeiro de 1980, foi eleito presidente o economista progressista Abolhassan Bani-Sadr. Este, porém, não foi apoiado pelo parlamento eleito dois meses depois, onde os nacionalistas conservadores do Partido Revolucionário Islâmico (PRI) eram a maioria (situação que se mantém até os dias atuais). A luta interna que já começava a envolver a própria sucessão de Khomeini como condutor espiritual do país paralisou o processo de mudanças que se havia iniciado com a derrubada do xá. A partir desse momento, Estados Unidos e Irã romperam suas relações diplomáticas. Em 2013, o recém eleito presidente iraniano Hassan Rowhani foi o primeiro líder iraniano da era pós-Revolução Islâmica a estabelecer contatos diplomáticos diretos com um presidente dos Estados Unidos.
Além do distanciamento entre o Irã e o mundo ocidental, a crise política iraniana acabou interferindo na produção de petróleo do país, importante membro da OPEP, cartel que reúne alguns dos principais produtores mundiais de petróleo. Tal fato associado ao início da Guerra Irã-Iraque foi responsável pela chamada 2ª Crise do Petróleo, que fez o preço do barril de petróleo alcançar os US$ 100,00 pela primeira vez na história, cotação muito próxima dos valores atuais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário