segunda-feira, 24 de junho de 2019

MÁRIO DE ANDRADE

Mário de Andrade foi um escritor brasileiro. Publicou "Pauliceia Desvairada" o primeiro livro de poemas da primeira fase do Modernismo. Estudou música no Conservatório de São Paulo. Foi crítico de arte em jornais e revistas. Teve papel importante na implantação do Modernismo no Brasil. Seu romance "Macunaíma" foi sua criação máxima, levada para o cinema.

Mário Raul de Morais Andrade nasceu na Rua da Aurora, em São Paulo, no dia 9 de outubro de 1893. Filho de Carlos Augusto de Andrade e de Maria Luísa concluiu o ginásio e entrou para a Escola de Comércio Alvares Penteado, tendo abandonado o curso depois de se desentender com o professor de Português. Em 1911, ingressou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, concluindo o curso de piano em 1917.
Ainda em 1917, após a morte de seu pai, passou a dar aulas particulares de piano. Frequentador das rodas literárias conheceu Anita Malfatti e Oswald de Andrade, tornando-se amigos inseparáveis. Ainda neste ano com o pseudônimo de Mário Sobral, publicou seu primeiro livro "Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema", no qual critica a matança produzida na Primeira Guerra Mundial e defende a paz.

Semana de Arte Moderna

O ano de 1922 foi importantíssimo para Mário de Andrade. Além da Semana de Arte Moderna, foi nomeado professor catedrático do Conservatório de Música. Integrou o grupo fundador da revista Klaxon, que servia de divulgação para o Movimento Modernista. Publicou "Pauliceia Desvairada", onde reuniu seus primeiros poemas modernistas, na tentativa de definir e animar os novos caminhos para a criação artística brasileira.
Em Pauliceia Desvairada, Mário realiza ousadas experiências de linguagem: versos livres, associações de imagens, simultaneidade e linguagem coloquial, com se pode ver no poema “Inspiração”.
Inspiração
São Paulo! comoção de minha vida...

Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...
Luz e bruma... Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...
Perfumes de Paris... Arys!
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...

São Paulo! comoção de minha vida...

Galicismo a barrar nos desertos da América!

Primeiro Tempo Modernista

No Primeiro Tempo do Modernismo (1922-1930) a lei era se libertar do modismo europeu, procurar uma linguagem nacional e promover a integração entre o homem brasileiro e sua terra. Mário de Andrade fez várias viagens pelo Brasil, com o objetivo de estudar a cultura de cada região. Em 1924 visitou cidades históricas de Minas, em 1927 viajou pelo Amazonas, entre 1928 e 29 passou pelo Nordeste, recolhendo informações como festas populares, lendas, ritmos, canções, modinhas etc.. Todas essas pesquisas lhe renderam as obras: "Clã do Jabuti", Macunaíma e "Ensaio sobre a Música Brasileira".

Macunaíma

De todas as obras em prosa, foi Macunaíma (1928) a obra-prima de Mário de Andrade e provavelmente a mais importante realização da primeira fase do Modernismo. A obra representa não apenas o resultado das pesquisas e das qualidades do autor como poeta, prosador, músico e folclorista, mas também a plena realização dos projetos nacionalistas.
Macunaíma foi com propriedade chamada de rapsódia por Mário, que tomou emprestado esse nome da música, por designar composição que envolve uma variedade de motivos populares.  A obra apresenta semelhanças com os romances medievais. A obra foi adaptada para o cinema em 1969.

Em 1930, Mário de Andrade lançou uma obra poética mais orgânica e vertical que convoca à reflexão, como em “Poemas da Amiga”:

Gosto de estar ao teu lado,

Sem brilho
Tua presença é uma carne de peixe,
De resistência mansa e um branco
Ecoando azuis profundos.

Eu tenho liberdade em ti

Anoiteço feito um bairro,
sem brilho algum.

Estamos no interior duma asa

Que fechou.

No período entre 1935  1938, Mário realizou uma importante ação cultural. Convidado por Paulo Duarte organizou e dirigiu o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Construiu bibliotecas, fixas e ambulantes, redigiu o anteprojeto para a criação do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional etc..
Com o advento da ditadura de Getúlio Vargas, Mário de Andrade foi demitido. Em 1939 foi nomeado chefe da seção do Instituto Nacional do Livro. Em 1941 retornou para São Paulo. Em 1946 publicou “Lira Paulistana”, onde o autor faz uma interpretação poética de seu destino e sua integração na existência de São Paulo.
Mário de Andrade faleceu em São Paulo, no dia 25 de fevereiro de 1945, vítima de um ataque cardíaco.

Obras de Mário de Andrade

Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, poesia, 1917

Pauliceia Desvairada, poesia, 1922
A Escrava que não é Isaura, ensaio, 1925
Losango Cáqui, poesia, 1926
Primeiro Andar, conto, 1926
Clã do Jabuti, poesia, 1927
Amar, Verbo Intransitivo, romance, 1927
Macunaíma, romance, 1928
Ensaio sobre a Música Brasileira, 1928
Compêndio da História da Música, 1929
Modinhas e Lundus Imperiais, 1930
Remate de Males, poesia, 1930
Música, Doce Música, 1933
Belazarte, conto, 1934
O Aleijadinho, ensaio, 1935
Álvares de Azevedo, ensaio, 1935
Namoros com a Medicina, 1939
Música do Brasil, 1941
Poesias, 1941
O Baile das Quatro Artes, ensaio, 1943
Aspectos da Literatura Brasileira, ensaio, 1943
Os Filhos da Candinha, crônicas, 1943
O Empalhador de Passarinhos, ensaio, 1944
Lira Paulistana, poesia, 1946
O Carro da Miséria, poesia, 1946
Contos Novos, 1946
Padre Jesuíno de Monte Carmelo, 1946
Poesias Completas, 1955
Danças Dramáticas do Brasil, 3 vol., 1959
Música de Feitiçaria, 1963 
O Banquete, ensaio, 1978

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